A Argentina tem um novo presidente: o empresário Mauricio Macri, fundador do partido conservador Proposta Republicana (PRO), foi eleito neste domingo (22) sucessor da presidenta Cristina Kirchner. Ele assume no dia 10 de dezembro, depois de doze anos de governos kirchneristas.
"O maior desafio de Macri vai ser armar uma coligação política para poder governar", disse o analista político Rosendo Fraga. Apesar de ter conquistado os governos da capital, Buenos Aires, e das quatro maiores províncias argentinas, ele tem minoria no Congresso.
A aliança governista FPV (Frente para a Vitoria) tem maioria no Senado e a primeira minoria na Câmara dos Deputados. Macri, durante toda a campanha, fez um discurso de união e conseguiu o apoio dos dissidentes do Partido Justicialista (Peronista), que governa o país há 14 anos. Em Buenos Aires, carros buzinavam comemorando o resultado das eleições, como se fosse uma partida de futebol.
"Estou super hiper feliz porque sentia falta de uma mudança", disse Eugenia Lopez, de 27 anos. Ela era criança durante a crise de 2001 e começou a trabalhar, como arquiteta, quando a economia estava estável. Fernando Alarcon, um comerciante de 55 anos, diz que tem medo, porque não sabe o que vai acontecer. "A inflação é alta. O cambio está defasado. E ninguém anunciou uma solução para nossos problemas".
Kircherista reconhece derrota
O candidato governista Daniel Scioli, da Frente para a Vitória, reconheceu a derrota para Mauricio Macri, oposicionista da Aliança Cambiemos, no segundo turno das eleições presidenciais na noite deste domingo (22). Em uma declaração pública, Scioli disse que saúda com todo seu afeto “o povo que com a vontade popular elegeu um novo presidente: Mauricio Macri".
A vitória de Macri representa o fim de 12 anos de governo kircherista.
Daniel Scioli, reconheceu a derrota as 21h33 (22h33, horário de Brasilia), três horas e meia depois do fechamento das urnas - antes do anúncio dos resultados oficiais e do anúncio da vitória de Mauricio Macri. Nas ruas, simpatizantes de Scioli choravam. "Não consigo acreditar que acabou", dizia Mariana Zapata, que até o ultimo minuto acreditou na vitoria de Scioli.
No comitê de campanha do oposicionista, Mauricio Macri, também houve muita emoção. A vice-presidente dele, a cadeirante Gabriela Michetti, foi a primeira a anunciar oficialmente a vitória. Em seguida, o próprio Macri subiu ao palco. "Quero dizer que hoje é um dia histórico. É uma mudança de época, que vai ser maravilhosa", disse. "É uma mudança que vai nos levar ao futuro e não pode se deter em vingancas e ajustes de contas".
No discurso, Macri falou na necessidade de derrotar o narcotráfico e de estabelecer melhores relações com outros países. "Quero dizer aos irmãos da America Latina e do mundo, que queremos trabalhar com todos", disse. "Esperamos encontrar uma agenda de co-operacao".
Macri disse, anteriormente, que a prioridade dele vai ser a relação com o Brasil. "Dilma [Roussef] vai se entender melhor comigo do que com [a presidenta] Cristina Kirchner", disse, em entrevista coletiva.
No dia 21 de dezembro, o novo presidente argentino participará da cúpula do Mercosul no Paraguai. Quando era candidato, ele avisou que iria invocar a cláusula democrática do bloco regional para suspender a Venezuela, que mandou prender políticos da oposição.
Às 23h29 deste domingo, 89,98% das urnas haviam sido apuradas. Macri teve 52,21% dos votos válidos e Scioli 47,79%. Segundo a Justiça Eleitoral argentina, o segundo turno argentino teve 1,20% de votos em branco, 1,29% de votos nulos e 0,05% de votos impugnados.