Foi em um pastel nada convencional de mais de um metro de comprimento e com quase dois quilos de recheio que o empresário Edivaldo Dotta Araújo encontrou a porta de saída do desemprego e o sustento da família.
Em entrevista ao G1, Dotta contou que a ideia surgiu quando mudou do Rio de Janeiro e começou a trabalhar na padaria de uma prima em Avaré, interior de São Paulo.
“Passei por uma falência e decidi sair do Rio, onde trabalhei como pedreiro e caminhoneiro. Minha prima tinha duas padarias e me fez a proposta de trabalhar em uma delas. Então, fui com toda a família para Avaré. Fazíamos salgados, mas não vendíamos todos. Foi olhando uma perua que parou em frente da padaria vendendo caldo de cana que tive a ideia de vender pastel”, conta.
Segundo Dotta, ele começou a fazer pastéis maiores do que os vendidos nas feiras. Mas a ideia de fazer um exemplar com mais de um metro de comprimento surgiu depois que uma cliente entrou na padaria.
“Vendia 15 pastéis e era tudo muito difícil. Um belo dia chegou uma moça, que para mim foi um anjo de Deus, para nos dar uma luz no fim do túnel. Quando ela perguntou o tamanho do pastel que vendia, comecei a pensar na palavra 'tamanho'. Na minha mente já veio a imagem de uma trena e tive a ideia de fazer um com mais de um metro”, afirma.
Loucura virou realidade
Para a família, a ideia de Dotta era loucura. “Todo mundo achava eu louco, ainda mais porque não tínhamos dinheiro para investir nesse ramo e também nunca tínhamos trabalhado com isso.” Conforme o empresário, ele começou a pesquisar locais que pudessem fazer fritadeiras para o pastel.
“Até que uma empresa do sul disse que fazia uma fritadeira por quase R$ 4 mil. Eu não tinha dinheiro para comprar, então comecei a juntar dinheiro para comprar e consegui”, diz.
Porém, após cinco tentativas, Dotta não conseguia fritar o pastel “gigante”. Até que comprou uma espátula maior.
“Pedia para Deus me dar uma luz para fritar o pastel porque ele vai muito recheio. E aí tive um sonho de um homem grande que mostrava uma espátula. Acordei e fui até um comerciante que poderia fazer para a gente. Mais uma vez não tinha dinheiro e tive que sacrificar um forno de pão para dar continuidade. Deu certo e conseguimos fritar o pastel, foi uma alegria sem tamanho”, afirma.
Para fritar o pastel é preciso 40 litros de óleo ou gordura vegetal. Segundo o Dotta, 10 minutos o pastel “gigante” é servido. “Quando vejo ele saindo e indo para a mesa do cliente é satisfatório demais”, completa.
Pelo tamanho e as mais de 30 opções de recheio, o pastel já virou atração na região. O pastel "gigante" custa, em média, R$ 45 e serve cerca de seis pessoas.
Empreendimento
Após a aposta dar certo, Dotta começou a vender o pastel em Avaré. Meses depois, um tio do empresário, que mora em Franco da Rocha, gostou da ideia e também abriu uma pastelaria na cidade para vender o pastel de 115 centímetros.
Dois anos depois, uma prima de Itapetininga também abriu uma pastelaria, onde trabalham 12 funcionários.
“Até hoje corremos para conseguir recursos. Mas com muita batalha e luta, conseguimos abrir essas três lojas. Minha família também deu apoio e estamos caminhando. Não passava pela minha cabeça que ia conseguir sair da falência com a venda de um pastel”, afirma.
Dioginys Concianci foi com os amigos para conhecer a pastelaria e conta que nunca tinha visto um pastel com mais de um metro no estado de São Paulo. "Fui pela curiosidade e achei uma ideia bem interessante. Tanto que sai com um pastel e levei para toda a família", diz.
Agora, o sonho de Dotta é fazer um pastel de 170 centímetros. “Primeiramente você tem que crer em Deus, em você e nos seus objetivos. Saber que não vai ser fácil, mas vai conseguir. Hoje meu pastel representa isso e quero ir além.”
Fonte: G1.