Quatro irmãos separados na infância voltaram a se ver depois de 68 anos. O reencontro emocionado foi no domingo (14), em Bernardino de Campos (SP), na casa onde um dos irmãos mora. A caçula da família, Júlia Solino, foi adotada e separou-se da família quando ainda era criança. Além de Júlia, a festa em família teve a participação dos irmãos Francisco Carvalho, Luiz de Carvalho e Tereza Carvalho - a última vez em que os quatro estiveram juntos foi no ano de 1946, quando a capital brasileira ainda era o Rio de Janeiro e o mundo vivia os reflexos da Segunda Guerra Mundial.
Eles contam que também estavam distantes uns dos outros devido à rotina de cada um, no entanto, conversavam por telefone e internet. E foi pela web que familiares descobriram o filho da irmã caçula: entraram em contato com ele e depois combinaram a data e o local do reencontro.
Muitos filhos e netos também aguardavam para tirar uma foto ou para simplesmente conversar. Um cartaz fixado na casa dava as boas-vindas à querida “Julinha”, apelido dado por eles na época em que viviam juntos. Antes da chegada de Júlia, a tensão e a ansiedade tomavam conta da atmosfera.
“Sempre chorei por ela, chorei muito. Ela teve outra família e eu continuei com nossa família. Mas ela foi feliz, então quer dizer que estou feliz”, recorda com emoção Tereza.
Depois da emoção do primeiro contato, os quatro irmãos se reuniram para tomar um café e tentar atualizar as histórias de mais de 60 anos de saudades. “Eu lembro dela bem ‘pequenininha’, sabia que era minha irmã’, relembra Luiz.
Júlia Solino diz que agora está aliviada por finalmente rever quem deixou um espaço vazio no coração: “Já passei por tanto choro, tanta agonia, tanta coisa... agora acabou a agonia, o choro, tudo!”
O filho dela, o publicitário Alfredo Solino, afirma que desde que descobriu que a mãe tinha sido adotada, sentia faltar um pedaço da família. “Quando tinha 14 anos meu pai me contou a história de que minha mãe tinha sido adotada. A gente não sabia, e ficou um vazio. Depois de reencontrá-los depois de tantos anos é uma grande felicidade”, afirma.
Passada a ansiedade do reencontro, Júlia ri ao pensar no tempo que levará para atualizar a agenda. “O tanto de gente que tinha na porta, não era só os três. Até botar todo mundo na lista, só quero ver, vai levar alguns dias... vou precisar de um caderno para colocar nome por nome, família por família”, brinca.