A situação da maternidade de Itaí (SP) se tornou alvo de investigações do Ministério Público. Uma denúncia foi feita ao órgão, que abriu uma ação civil pública. Além disso, a Câmara de Vereadores instaurou uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar possíveis irregularidades na Santa Casa do município. Enquanto isso, as gestantes sofrem com a falta de atendimento adequado.
Uma das gestantes que sofreram com a situação foi a recepcionista Danila Cristina de Oliveira. Durante os nove meses de gravidez ela diz ter sofrido dificuldades para receber atendimento médico na cidade. Segundo ela, não havia especialistas e a espera para consultas era grande. Na reta final da gestação teve que viajar várias vezes para Avaré. Na última delas, para fazer o parto.
A criança nasceu, mas horas depois morreu. A mãe fez um boletim de ocorrência e acredita que a falta de acompanhamento médico prejudicou a formação do bebê. “No atendimento, durante o mês que é para a gestante passar no médico, às vezes ele vinha outras não. Às vezes demorava 15 dias para atender as gestantes. Foi complicado, porque a gestante precisa dessa consulta todo mês. E tinha mês que não passava porque o médico não vinha”, reclama.
O drama da recepcionista afeta a monitora infantil Daniele Amador, que já está no nono mês de gestação e pode entrar em trabalho de parto a qualquer momento. Precisou pagar para fazer ultrassom em outra cidade e por causa dos problemas que vem enfrentando, teme pela saúde da criança. “Porque imagina, ter que ir daqui até Santa Casa em Avaré. É um risco, um acidente, qualquer coisa pode acontecer no caminho”, afirma.
A preocupação é a mesma da dona de casa Angela Correa, que também está grávida. “Várias crianças estão morrendo, colocando em risco da vida da mãe da criança para estar indo à Avaré ou outra cidade”, diz.
A Santa Casa de Itaí recebe aproximadamente R$ 300 mil de repasse da prefeitura por mês, além de R$ 50 mil de recursos do Governo Federal, segundo a administração. O que dá uma receita total de R$ 350 mil. A despesa mensal seria de aproximadamente R$ 500 mil. Além disso, há uma dívida de quase R$ 2 milhões, portanto, a verba seria insuficiente para pagar todas as contas.
O responsável pela administração da Santa Casa, Adalberto Ramalho da Silva, admitiu que faltam médicos na maternidade, já que não há dinheiro suficiente, mas deu um prazo para que os partos voltem a ser realizados no hospital. “Já traçamos um plano de emergência e estamos contratando médicos pediatras, anestesistas, para ter inicio o contrato deles conosco a partir de 2 de fevereiro. Então a partir de 2 de fevereiro as itaienses terão seus filhos aqui em Itaí”, prometeu.