Levantamento do comparador de preços Zoom mostra que o número de opções de repelentes disponíveis no mercado mais do que dobrou, saltando de 139 em janeiro de 2016 para 351 em janeiro deste ano. Os mais buscados no comércio eletrônico são Exposis, Repelex e SBP Advanced.
Segundo estudo da Kantar Worldpanel, 75% das famílias que compraram repelentes em 2016 não tinham adquirido o item em 2015 e 2014. O levantamento aponta ainda que aumentou em aproximadamente 800 mil o número de residências que passaram a comprar o produto.
A corrida por repelentes a base de icaridina também impulsionou o crescimento da produção de empresas menores brasileiras. A Henlau, fabricante do Sunlau, lançado em janeiro de 2016, viu seu faturamento crescer 40% no ano passado.
A empresa, que atua no mercado de protetor solar e repelente há mais de 15 anos foi uma das pioneiras em produto a base de icaridina no país. Segundo o engenheiro químico e fundador da Henlau, Norberto Luiz Afonso, a oportunidade de negócio foi enxergada antes mesmo do surto de zika no final de 2015.
"Foi empreendedorismo. Quando veio o Exposis para o Brasil, decidimos pesquisar como fabricar um repelente com icaridina. Levamos 3 anos para o registro na Anvisa, que saiu justamente na hora em que veio a epidemia", conta o empresário.
Até então, a empresa, com sede em Garça (SP) e 45 funcionários, atuava basicamente no mercado profissional, como fornecedora de equipamentos de proteção individual, os chamados EPIs, para trabalhadores que atuam em construção civil e em locais de mata e selva ou que tenham proliferação de mosquitos.
Protetor solar e repelente 2 em 1 com icaridina
O dono da Henlau explica que o único produtor de icaridina é o laboratório alemão Bayer, que detém sua patente. "Consegui trazer o ativo para o Brasil importando diretamente através de um distribuidor exclusivo na Itália", diz Afonso.
A empresa afirma ter vendido 1,2 milhão de unidades do repelente Sunlau no primeiro ano de atuação no mercado, o que resultou em um faturamento de R$ 24 milhões ou cerca de 60% do faturamento da empresa no ano.
Para 2017, a Henlau projeta dobrar a produção e fazer suas primeiras exportações. A empresa também lançou neste mês um protetor solar e repelente 2 em 1, também a base de icaridina, anunciado como o "primeiro do tipo no mundo".
"É uma inovação. Conseguimos adaptar a matéria-prima a icaridina no protetor solar e estabilizá-la. Hoje é único no mercado, mas com certeza vai vir outros também. Então tenho que aproveitar esse timing", diz o empresário, que diz ter investido R$ 600 mil no projeto.
Outra brasileira pioneira é a Alergoshop, especializada em produtos para pessoas alérgicas e que atua no mercado de repelentes com icaridina desde 2012. Segundo a empresa, as vendas cresceram 28% no ano passado. A sócia-diretora Sarah Lazaretti afirma, no entanto, já estar sentindo o efeito do aumento da concorrência.
"Em 2015 foi um absurdo as vendas, não dávamos conta de produzir a quantidade para atender toda a demanda. Já em 2016 não foi igual", diz a empresária. A produção da empresa é terceirizada e o faturamento em 2016 ficou em cerca de R$ 10 milhões.
Futuro do mercado de repelente
Segundo levantamento do Zoom, a procura por repelentes cresceu 62% na segunda semana de janeiro, na comparação a segunda semana de dezembro de 2016. Já os preços caíram cerca de 15% na comparação com 1 ano atrás.
Apesar do aumento da demanda por repelentes estar diretamente relacionado com os surtos de doenças e as preocupações relacionadas à proliferação do Aedes, o entendimento da indústria é que a demanda continuará em alta em 2017 e próximos anos, e que o uso do produto tende a ser cada vez mais frequente.
"Quando tem esses booms as pessoas aprendem, passam a usar as coisas que elas conhecem. Antes ninguém sabia o que era icaridina. Vai ter um consumo perene", acredita Sarah.
Loic Lelann, da RB, lembra que se trata de uma categoria com penetração ainda muito baixa nas residências. Para ele, o repelente tende cada vez mais a integrar a cesta padrão de consumo dos brasileiros e produto de uso rotineiro e não só para o verão.
“Obviamente, tem uma parte de negócios por trás disso, mas é uma questão de saúde pública, sobretudo. A empresa vê uma oportunidade em nível mundial uma vez que este é um dos grandes desafios de saúde pública no mundo”, afirma.
Fonte: G1.