A Polícia Civil divulgou nesta quarta-feira (8) o teor do depoimento prestado pelo médico de 48 anos que é investigado por omissão de socorro em Avaré (SP). Ele é indiciado por supostamente se negar a atender um paciente de 22 anos que sofreu um acidente de moto, chegou com vida no hospital e morreu na madrugada de 15 de setembro.
Durante a oitiva, o médico afirmou que não entubou o paciente porque havia constatado que as pupilas dos olhos dele não atendiam aos estímulos, e que por isso havia sofrido morte cerebral. Segundo o indiciado, o coração do jovem ainda batia quando ele saiu da sala de emergência onde a vítima estava e foi até outra sala, onde estava uma mulher em estado grave vítima do mesmo acidente e que sobreviveu. O médico negou imperícia ou negligência no caso.
Outros envolvidos no caso também prestaram depoimento. É o caso do pai da vítima, de outro médico que estava de plantão e de sete enfermeiras que também trabalhavam no momento. As profissionais confirmam que o médico examinou o jovem, disse que nada mais poderia ser feito por ele e depois foi atender outras vítimas, inclusive pacientes de casos menos urgentes dentro do consultório.
De acordo com o outro médico de plantão, ele trabalhava em outra ala do hospital quando foi chamado por enfermeiras para atender o jovem. Isso aconteceu, segundo ele, depois de dez minutos da entrada do jovem no pronto-socorro. Quando chegou para socorrer a vítima, porém, ela já estava morta.
Ainda segundo a polícia, a primeira denúncia de que o médico saiu do hospital depois de examinar a vítima é negada até este momento da investigação. Isso porque todas as testemunhas que deporam negaram a história e no registro do hospital consta que ele trabalhou até o fim do plantão, às 7h.
O delegado responsável pelo caso, Osmar Sccupuglia Filho, afirma que enviará o inquérito ao Fórum e ao Conselho regional de Medicina (CRM). O médico responde pelo termo circunstanciado de omissão de socorro. “Precisamos ainda ouvir duas enfermeiras que trabalhavam no dia, e também outra médica plantonista. Ela mora em Campinas, por isso precisamos enviar uma carta precatória à cidade, agora aguardamos resposta. Acredito que até o fim deste mês terminamos as investigações”, afirma.
Além da denúncia de omissão de socorro, a Polícia Civil também investiga o acidente que matou o jovem. É aguardado um laudo toxicológico para verificar se ele estava embriagado no momento. “Esta investigação está mais próxima do fim. Ouvimos todos as testemunhas e aguardamos o laudo técnico e a confirmação de que haja um vídeo que mostre o acidente. Até o fim de outubro espero também ter terminado”, conclui.