Uma maternidade recém-inaugurada e com equipamentos novos e modernos foi fechada em Bernardino de Campos (SP). A alegação do prefeito é que seria mais barato mandar as grávidas para hospitais de outras cidades que manter a maternidade funcionando.
A situação da única maternidade preocupa grávidas da cidade que tem quase 11 mil habitantes. Uma delas é a dona de casa Luciana de Fátima Rodrigues, que está gravida do quarto filho. O parto está marcado para janeiro do ano que vem e deverá ser feito em uma cidade vizinha. “Só a gente que é gestante, que é mãe, sabe o quanto é difícil ter que ficar indo e voltando, sendo que tem uma maternidade de primeira linha aqui em Bernardino de Campos", reclama.
A maternidade funcionou por apenas sete meses, de janeiro a julho de 2014. O prédio todo reformado fica em uma das alas da Santa Casa da cidade. A obra foi paga pela iniciativa privada e os aparelhos foram comprados com dinheiro público. Segundo administrador da Santa Casa, Clodoaldo Rodrigues, alguns equipamentos nunca foram até mesmo usados. “Eu tenho equipamentos de ponta, melhores equipamentos possíveis. Médicos que vêm para fazer plantão e conhecem a estrutura ficam admirados por ver a quantidade de equipamentos novos que temos, a qualidade que podemos dar e infelizmente estão parados porque não temos recursos suficientes para mantermos uma equipe de médicos."
Os médicos que trabalhavam na maternidade vinham de outras cidades. O que, segundo a prefeitura, encarecia demais os partos. De acordo com o prefeito, Armando Beleze, com esse mesmo valor o prefeito afirma que consegue mandar todas as gestantes do município para outros municípios. “Nós tínhamos de sete a oito partos por mês. Então é uma estrutura muito grande pra ser mantida ali pelo hospital pra ter essa quantidade de parto.”
Mesmo tendo investido R$ 910 mil na compra dos equipamentos, o prefeito descarta a volta dos repasses. Cada procedimento custava em média R$ 7 mil. Por mês, a maternidade precisa de R$ 56 mil para ser mantida.
A administração da Santa Casa diz que não consegue reabrir a ala sem o dinheiro da prefeitura. E sem uso, os equipamentos acabam se deteriorando e estragando. O prefeito diz ainda que não há nenhum projeto para uso imediato dos equipamentos da maternidade comprados com dinheiro público.