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Os integrantes da Frente Nacional de Luta (FNL) deixaram a fazenda Esmeralda de Duartina ontem (25) após a decisão da Justiça daquele município, que determinou a reintegração de posse do imóvel.
A propriedade rural, de 1.500 hectares (2.100 campos de futebol), foi invadida pela FNL (Frente Nacional de Lutas) na última segunda-feira (23). Antes, dia 9, tinha sido ocupada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que permaneceu uma semana no local.
Embora registrada em nome de João Batista Lima Filho, amigo de o presidente interino Michel Temer desde a década de 80, e da empresa Argeplan Arquitetura e Engenharia, os dois movimentos invasores afirmam que o verdadeiro dono da fazenda é o peemedebista. Temer nega ser proprietário do imóvel, frequentado por ele ao menos entre 2004 e 2014.
A Argeplan tem o próprio Lima como um dos sócios. Nos anos 1990, ele e a empresa contribuíram para as campanhas de Temer à Câmara dos Deputados. Em 1994, a empresa doou a ele ao menos R$ 100 mil (R$ 490 mil em valores atualizados).
Na tarde det erça-feira (24), policiais civis e militares foram à fazenda acompanhar um oficial de Justiça na notificação dos invasores para que deixem a propriedade.
Alguns que estavam em veículos próprios, de acordo com o delegado Luiz Carlos Amado, titular de Duartina, já saíram da fazenda no mesmo dia, mas outros devem deixar o local até a hoje (26).
"Alegaram que não tinha logística para sair imediatamente e pediram esse prazo. Agora [na segunda invasão], tudo está tranquilo dentro da fazenda, diferente do que houve na ação do MST", afirmou o delegado.
Segundo a polícia, há cerca de 150 membros da FNL no local. Já para o dirigente estadual da FNL Ricardo Rodrigues, que está na fazenda desde a invasão, o grupo conta hoje com 800 pessoas.
A FNL alegou, na invasão, que só deixaria o local quando tivesse garantias de que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) daria agilidade na reforma agrária e quando conseguisse uma audiência com um dirigente em Bauru. Procurado pela reportagem, o Incra não comentou o assunto.
DANOS
A Esmeralda, que produz eucalipto e tem criação de gado, guarda marcas de pichações, corte de árvores, danos em tratores e animais mortos desde a primeira invasão, há 16 dias, o que gerou um inquérito policial.
Inscrições como "Golpista", "Temer Ladrão" e "Ocupando Latifúndio do Temer" foram deixadas na área de lazer da sede da fazenda e nas paredes de cômodos da casa.
O MST afirma que "não houve nenhum tipo de depredação ou dano" na área.
A ocupação da FNL ocorreu oito dias após o MST deixar o local, depois de a Justiça também conceder reintegração de posse.
Na fazenda, membros do movimento afirmaram ter encontrado material da campanha eleitoral de 2006 de Temer à Câmara dos Deputados, além de uma correspondência enviada pelo prefeito local ao hoje presidente interino.
VISITA
Temer não nega conhecer a propriedade rural. De acordo com sua assessoria, a fazenda foi usada por ele como um refúgio durante a campanha eleitoral de 2014.
Primo do coronel Lima, o engenheiro eletricista Rui Canedo disse à reportagem que Temer frequentou o local entre 2004 e 2010, mas só dormiu uma noite na fazenda e não é dono da Esmeralda.
A assessoria do presidente interino afirmou que ele não tem propriedades rurais. Já Lima informou, por meio de nota, que "as propriedades rurais em questão foram adquiridas de maneira regular, a partir de 1986, sendo produtivas".
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