Jovem supera vício do crack e se torna lutador de MMA em Piraju


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Jornal O Avaré 15/11/2014 10:07:19

Após uma década como usuário, ele se livra das drogas.
Para alcançar o objetivo ele aliou esporte, religião e força de vontade.

 

 

Lutando contra o vício, lutando por uma vida melhor. É dessa forma que o ex-usuário de drogas Carlos Alberto da Silva, mais conhecido como Carlão, vive seus dias. O jovem de 24 anos morador de Piraju (SP) encontrou nas artes marciais, principalmente o muay thay, uma forma de se libertar das drogas e também a esperança de um futuro: hoje treina mais de seis horas por dia e participa de campeonatos de MMA (Mixed Marcial Arts – artes marciais mixas em português).

A relação de Carlão com as drogas começou cedo, assim como acontece com milhares de jovens do Brasil. Aos 12 anos usou cigarro, partiu para o álcool, em seguida veio a maconha. Depois disso começou a consumir cada vez mais, até chegar ao crack e ao fundo do poço.

“Eu não me sentia satisfeito, fui buscando sempre algo mais forte, que me deixasse bem. Era como se eu precisasse daquilo mais que tudo, mais que água e comida. Não sentia prazer estando com a namorada, com os amigos, conversando com alguém, só sentia mesmo usando drogas”, lamenta.

Além da insatisfação outro fator determinante para o vício foi a infância pobre, com o pai violento e o irmão mais velho, também usuário, que morreu por divida de droga. “Em casa éramos eu e mais três irmãos - eu o caçula. Viviamos no porão da casa de uma mulher que nos abrigou porque não tinhamos condições financeiras de morar de aluguel. Meu pai costumava beber muito, e quando isso acontecia ele batia na esposa e nos filhos. O mais velho dos irmãos começou a usar drogas, fui na onda e também passei a fumar. Ele se tornou um viciado compulsivo antes de mim, começou a roubar de casa, e fez dividas por causa de droga. Não tendo condições de pagar, foi morto com um tiro quando tinha 24 anos. Nessa época eu estava com 16”, revela.

Atleta abraça amigo interno da comunidade em Piraju (Foto: Arquivo Pessoal/ João Emilio Gomes)

"Comecei seguindo alguns amigos, ia para passar o tempo. Mas a droga impedia que me concentrasse por completo nos treinamentos, só depois que me livrei delas é que fui pegando gosto, quando vi estava mais apegado ao esporte”, diz.Carlão começou a lutar quando ainda era usuário, mas só depois que buscou tratamento. Foi em meados de 2013 em uma comunidade de reabilitação mantida por doações e o poder executivo chamada Levante-te, em Piraju, que pôde se dedicar a arte marcial com todas as forças.

Ele decidiu mudar de vida após perceber que o caminho que seguia era sem volta, assim como foi o do seu irmão. “Percebi que precisava mudar mesmo quando comecei a roubar arroz, feijão da minha própria casa para vender e usar crack. Não queria acabar com a minha vida, por isso procurei ajuda. Porém no começo do tratamento queria parecer bem para as outras pessoas mesmo estando mal, só depois compreendi que era necessário ficar bem por mim mesmo”, afirma.

O lutador conta ainda que perdeu muito antes de se tratar. Principalmente bons momentos com a família e a filha. “Eu vi muita gente se afastar, porque o viciado não acaba só com a vida dele, acaba também com a vida das pessoas que ele ama. Minha filha, que hoje tem 4 anos, me chamava de tio antigamente. Eu não era um bom exemplo, não plantei coisas boas suficientes na relação com ela para ser chamado de pai. Hoje é tudo diferente, quando ouvi ela dizer pai pela primeira vez foi uma alegria imensa, não podia acreditar naquilo”, exclama.

Por enquanto o lutador participou de quatro competições tendo vencido todas, três por nocaute e uma por pontos. Lutou na VeX Combat em Ourinhos (SP), na Shockwave edição Bauru (SP) eBotucatu (SP), além da Jungle Fight em São Paulo. Largou o emprego de colhedor de laranja e hoje se dedica 100% às lutas marciais. O atleta disputa na categoria meio-médio tem 1,96m de altura e pesa 77 quilos.

Comunidade Levante-te foi o meio de salvação para o atleta de MMA (Foto: Arquivo Pessoal/ João Emilio Gomes)
Comunidade Levante-te foi o meio de salvação para
o atleta (Foto: Arquivo Pessoal/ João Emilio Gomes)

O treinador dele, o mestre de muay thay João Emílio, comenta que a mudança causa orgulho. "No começo do treinamento ele deu um pouco de trabalho, mas hoje ele sabe o que quer. Está com contrato assinado com a jungle Fight e ainda participará de três lutas. Todo o dinheiro que ganha participando das competições ele divide entre a família, a filha e o restante fica guardado, pois os internos da clinica não podem andar com dinheiro", explica.

Mas Carlão ainda tem outras ambições além dos campeonatos que sonha partipar. “Imagino que posso chegar a um grande campeonato, fazer grandes lutas, vencer, crescer nesse esporte. Treino bastante com diferentes professores estou pronto para quando surgir uma chance agarra-la com unhas e dentes. Também quero voltar a estudar, terminar a escola já que parei na 8ª série, quem sabe fazer uma faculdade de Educação Física. São grandes sonhos mas quem sabe Deus não me dê essa chance”, conta.

Se livrar do vicio, porém, ainda é a maior luta de Carlão. Após quase um ano e meio de tratamento, ainda existe a lembrança da sensação de se drogar. Para suportar a vontade pede ajuda aos céus e aos amigos ao redor. “O vicio é uma doença incurável, não há remédio para se libertar das drogas, mas há um Deus que te segura. O único jeito de parar é através Dele, não sou eu que consegui sair, mas sim Ele que me tirou. Sou muito grato também aos amigos da comunidade de reabilitação, pois eles são minha segunda família agora, a gente se entende, compreende como é difícil se tornar um ex-viciado.”


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