EX POLICIAL EXPULSO POR PUBLICAR LIVRO QUESTIONA MILITARISMO DA PM
“Como é possível uma Polícia Militar antidemocrática num país democratizado?” Esse é um dos questionamentos do ex-policial militar Darlan Menezes Abrantes em uma conversa com o Tribuna do Ceará. Darlan foi expulso da corporação como punição à segunda edição do livro “Militarismo: Um sistema arcaico de segurança pública”.
O PM esteve 13 anos na corporação, e conta que escreveu o livro como uma maneira de abrir a mente dos soldados, que são educados com uma filosofia de guerra militar. A obra conta desde os primórdios do militarismo, quando as pessoas envolvidas usavam os mercenários para fazer suas vontades, e vai até o futuro, numa previsão de que não haverá mais polícia.
Um dos capítulos conta com 60 pensamentos que foram coletados de policiais militares que ele conhecia, tanto mais novos quanto mais experientes. Darlan afirma que foi pressionado para identificar cada um, mas não o fez, porque estava exercendo seu papel de liberdade de expressão.
“A escravidão ainda existe no Brasil. Ela mora na PM.”
“Deus é amor, o diabo é o militarismo.”
“A PM é a vergonha do Brasil.”
“O cavalo e o cachorro são os melhores policiais militares.”
“A PM é a polícia mais covarde que existe, pois só prende pobre.”
“Subir na PM só tem duas maneiras: ser babão de oficial ou amante de algum coronel viado.”
A distribuição do livro foi feita nas portas da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Estadual do Ceará (Uece) e na Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp-CE). Na acusação que resultou a expulsão de Darlan, foram levantadas quatro testemunhas, que segundo ele, nenhum o conhecia. Ele está em processo para voltar à corporação, já que essa questão foi provada.
Atualmente, Darlan quer voltar para a PM para mostrar para todos que trabalha para a sociedade. “A sociedade que é dona da polícia, não o coronel ou a controladoria”, afirma. A terceira edição da obra já foi lançada e pode ser adquirida na Associação dos Profissionais de Segurança (APS), no Bairro Rodolfo Teófilo, em Fortaleza.