Funcionários que trabalham na fazenda do ex-médico Roger Abdelmassih, em Avaré (SP), confirmaram que a mulher dele, a ex-procuradora da república Larissa Sacco, esteve na tarde desta sexta-feira (29) na sede da propriedade. Ela também foi vista por uma equipe da TV TEM que estava na frente da fazenda.
Larissa teria chegado por volta das 11h30 e deixado o local às 13h30. Ela não é vista desde a prisão do marido, em 19 de agosto, no Paraguai. Ainda de acordo com funcionários, ela estava no banco de trás do carro dirigido por um motorista particular e se identificou para o porteiro. Na saída, a reportagem da TV TEM acenou para que parassem, mas eles saíram em alta velocidade pela estrada de terra e depois entraram na rodovia João Mellão, no sentido da rodovia Castello Branco.
Ninguém soube informar o motivo da visita de Larissa à propriedade. Um funcionário disse à equipe da TV TEM apenas que ela estava muito abatida. A propriedade atualmente está arrendada por uma empresa produtora de laranja. Em nota, a empresa afirmou que não tem nenhuma ligação com Abdelmassih.
A fazenda em Avaré era monitorada pela Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deBauru (SP) e foi alvo de investigações do Ministério Público do estado de São Paulo, em maio deste ano. Durante as investigações no local foram recolhidos documentos que podem ter ajudado a polícia a capturar o ex-médico. Cercada de muito verde, a casa mantém um alto padrão e muito conforto, exigências do ex-médico.
Em 2009, ele tinha um patrimônio avaliado em R$ 78 milhões e chegou a ter 17 fazendas no estado de São Paulo. Abdelmassih era produtor de laranja na região. Ele chegou a ser homenageado, em 2004, pela Câmara de Vereadores como "Cidadão Avareense", por ser um empresário de destaque na época e responsável pela geração de muitos empregos.
Entenda o caso
Condenado em 2010 a 278 anos de prisão por 48 ataques a 37 mulheres entre 1995 e 2008, Roger Abdelmassih, de 70 anos, foi preso em 19 de agosto no Paraguai, por agentes ligados à Secretaria Nacional Antidrogas do governo paraguaio com apoio da Polícia Federal brasileira.
As primeiras denúncias de pacientes foram feitas no início de 2008. Policiais civis e promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) começaram a investigação. Com a divulgação das denúncias, outras supostas vítimas entraram em contato com o Ministério Público e a polícia para relatar abusos.
A denúncia do Ministério Público à Justiça apontou que Roger Abdelmassih tinha estuprado 39 pacientes. O médico mantinha clínica na Avenida Brasil, na região dos Jardins, área nobre da cidade de São Paulo. Ao todo, as vítimas acusaram o médico de ter cometido 56 estupros.
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos". Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas - sem o marido ou a enfermeira presente.
Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação. De acordo com a acusação, parte dos 8 mil bebês concebidos na clínica de fertilização também não seriam filhos biológicos de quem fez o tratamento.