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Confirmada a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o mercado de câmbio dedicou o dia de ontem (18), a um movimento de correções de preços. O dólar à vista, que havia caído 1,97% na última semana, subiu 2,24% nesta segunda-feira, aos R$ 3,6054.
A moeda americana chegou a cair 1,15% logo na abertura (R$ 3,4857), repercutindo a derrota do governo na Câmara. Mas a cotação logo inverteu o sinal, com a notícia do leilão de 80 mil contratos de swap cambial reverso do Banco Central. A queda dos preços do petróleo no exterior e um certo movimento de realização de lucros por parte de investidores vendidos em dólar fizeram a moeda americana migrar para o positivo e registrar ganhos firmes, de até 2,37% (R$ 3,610) na máxima da sessão.
O recuo do petróleo foi determinado pela falta de acordo em Doha entre os países produtores da commodity quanto ao congelamento da produção do óleo. Isso fez o dólar avançar mais cedo ante divisas de produtores, como o rublo russo e o real brasileiro.
Passadas apenas algumas horas da vitória da oposição na Câmara, o mercado já iniciou as especulações sobre quais nomes comporão um eventual governo Temer. Nome frequentemente aventado nas mesas de operações, o ex-presidente do Banco Central e chairman da J&F Investments, Henrique Meirelles, evitou comentar sobre sua eventual ida para um possível governo Temer. Mas não negou que tenha sido convidado para voltar para Brasília.
"Eu não comento conversas privadas. Tudo aquilo que é público é anunciado. Tudo que não é público, é privado", disse Meirelles a jornalistas, após fazer uma apresentação em evento da Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos, onde defendeu a necessidade de reforma fiscal e estrutural para o Brasil voltar a crescer.
Bovespa - O mercado de ações dedicou esta segunda-feira a um movimento de correções de preços. Depois de acumular ganhos de 5,84% na semana passada, o Índice Bovespa fechou hoje em queda de 0,63%, aos 52.894,08 pontos.
O recuo do petróleo foi importante fator de influência sobre a bolsa durante todo o dia. Na Bovespa, as perdas da commodity foram sentidas principalmente nas ações da Petrobras, que passaram por forte realização de lucros. Ao final do pregão, Petro ON caiu 1,26% e Petro PN, -4,64%. Já a influência positiva dos índices americanos foi bastante limitada neste pregão.
Segundo profissionais ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, houve também o "fator Cunha" na correção das ações. Conforme análises do mercado, o vice-presidente Michel Temer precisa sinalizar o quanto antes que vai se desvincular de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e principal condutor do processo de impeachment até agora, para sustentar o voto de confiança que o mercado tem dado a ele.
Taxas de juros - Apesar de a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados já ter sido, em boa medida, precificada na curva de juros na semana passada, houve espaço nesta segunda-feira para mais uma rodada de devolução de prêmios nas taxas futuras em reação à votação de ontem. Com isso os juros, principalmente com vencimento no longo prazo, fecharam em queda, que só não foi maior por causa do avanço do dólar.
Ao término da sessão regular na BM&FBovespa, boa parte das taxas a partir de 2018 estava abaixo de 13%. As com vencimentos anteriores a esse ano tiveram oscilação mais limitada em razão das expectativas majoritárias de manutenção da Selic no curto prazo, em linha com o discurso recente do Banco Central (BC). O DI com vencimento em janeiro de 2017 exibia taxa de 13,480%, de 13,60% no ajuste da sexta-feira. O DI para janeiro de 2018, cujo ajuste anterior era de 12,96%, estava em 12,82%. O DI janeiro de 2021 caiu de 13,04% para 12,86%.
Após a aprovação do processo de impeachment na Câmara, o mercado dá como certo que a matéria passa também no Senado, onde já chegou hoje. Levantamento realizado pelo Grupo Estado mostra que na Casa, nesta tarde, havia 46 senadores a favor do impedimento e 21 contra. Outros 9 ainda não haviam respondido e 5 estavam indecisos. A abertura de processo precisa ter a aprovação de 41 dos 81 parlamentares.
Ainda segundo operadores, a queda dos juros só não foi mais forte porque o dólar esteve na direção oposta, reagindo ao leilão de swap cambial reverso do BC, ao petróleo em queda e a uma realização de lucros após o mercado já ter precificado a aprovação do impeachment na Câmara.
Fonte: JCNET
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