Lugar comum é comentar que a cidade de Avaré é um celeiro de talentos. Terra de uma das mais famosas artistas plásticas do Brasil e do Mundo – Djanira -, o solo avareense, para alguns, é semeado,constantemente, pelas ninfas retratadas na fonte do Largo São João, no centro da cidade. O resultado direto disso é a percepção constante, por parte dos moradores e visitantes da antiga Rio Novo, de obras originais, até mesmo, nas ruas da cidade. Um dos bairros da Zona Leste, o Jardim Botânico, é um dos exemplos atuais: suas ruas e praças são cenários para a exposição permanente de peças pensadas e executadas por Vanderlei Plínio de Oliveira. Mais conhecido como Dirlei, ele enfeita há anos, o espaço que divide com seus vizinhos por meio de esculturas variadas e coloridas, todas feitas por meio da reutilização de ferro velho.
Dirlei vive da comercialização/instalação de piscinas em residências. Bem sucedido em seus negócios, o empresário passa suas horas de lazer trancado em sua oficina particular, situada em área de sua residência, dando vida, de forma elaborada, a personagens que surgem em sua mente ou inspirados nos devaneios de seus netos.
Grande parte de suas obras estão fixadas, em pontos variados, no bairro Jardim Botânico. Até por isso, muitas pessoas ligam a exposição constante das esculturas a uma iniciativa da Prefeitura local, o que não corresponde à verdade.
“Eu não as comercializo. Comecei a fazer peças, várias peças, todas em tamanho fora do normal e como não tinha espaço, resolvi expô-las nas praças da cidade”.
Suas obras são inspiradas livremente nos sentimentos e desejos infantis.
“Meus críticos são as crianças e as pessoas mais velhas, que se tornam mais sensíveis com o passar dos anos. Meus netos são meus inspiradores principais, mas eu sei que não deixei o meu lado criança morrer”.
Até o momento, Dirlei contabiliza 42 peças produzidas em sua oficina, número que ainda está em franco crescimento. O passatempo, no entanto, não toma o espaço que deve se destinado à atenção para a família ou vida profissional, ficando confinado aos finais de semana livres, fator que contribui para a aceitação de seus parentes e amigos.
Além de embelezar o espaço em que vive cotidianamente, ele também sonha em levar a iniciativa para outros bairros. O projeto que pula em sua mente (denominado Arte na Praça) englobaria seus trabalhos e de outros escultores/pintores locais ainda não devidamente reconhecidos pelo Poder Público.
Analisando suas obras, Dirlei se classifica como um artista simples, quase um autodidata.
À parte, ele mantém a mente ocupada com atividades diversas, como colecionismo de carros antigos, leitura e outras atividades, para conservar a criatividade e a vivacidade necessária para a perpetração de sua obra. Dirlei também acha que suas peças, na evolução natural da Arte, poderão ser feitas, em futuro próximo, também com plástico.
“Já executei várias estampas, faces de artistas, como Charlie Chaplin e dos Beatles, em plástico. É bacana por ser um processo rápido. Mas tenho a certeza de que não trocarei a solda por outros materiais”.
Outra aspiração é executar peças em grande escala para exposição em praças públicas.
“Gostaria de fazer um novo Cristo Redentor e uma nova escultura de cavalos para a entrada do Parque Fernando Cruz Pimentel. É um trabalho fácil, mas que requer estrutura para sua execução”.
Além de sua arte, Dirlei também medita quanto ao futuro da cidade: em sua visão, a cidade crescerá, com apoio do Turismo, quando as flores de inverno forem devidamente exploradas.
“Temos, em nossa terra, as azaléias, os manacás e os ipês, por exemplo, que se destacam durante esse período. Tenho, comigo, um projeto que possibilitaria o plantio dessas árvores em vários bairros”.
Já a hipótese de passar seu estilo para as gerações futuras, o tempo dará as diretrizes para que seus sonhos se realizem.
“Quando me aposentar, quem sabe, abrirei as portas de minha oficina para ensinar crianças carentes… mas ainda não parei para pensar seriamente nisso”.
Fonte: Jornal A Estância.