Déjà Vu (Já Visto) ed. 16/05/2015
por: Carlos “Cam” Dantas
e-mail: colunistacarloscam@gmail.com
Subsolo da região do Cemitério Municipal pode estar com alto nível de contaminação
Mais um assunto muito comentado na reunião, à título gastronômico, ocorrida algum tempo atrás no Costa Azul envolvendo pessoas intimamente ligadas ao ex-prefeito Joselyr Silvestre, que por sinal desafia até o “coisa ruim”, o “capa-preta”, e promete voltar de qualquer modo ao cenário das disputas para as eleições municipais de Avaré. Só não afirma quando. Durante o papo informal foi observado que a situação do cemitério é gravíssima e a Prefeitura não pode continuar omissa. A preocupação é dos moradores das imediações, ficou frisado, tanto que até um “help” já foi enviado ao Legislativo. E não é de hoje! Por mais incrível que possa parecer, apesar das divergências políticas e das contundentes acusações de um possível favorecimento para a “famigerada” aquisição da chácara Pratânia durante o Governo Barchetti, o vereador Carlos Alberto Estati - DEM foi até elogiado na “conversa” durante a reunião, justamente pela luta que encampou em busca de uma solução prática e aceitável quanto à contaminação do solo promovida pelo necrochorume que se forma no Cemitério Municipal, líquido poluente que fatalmente atinge o lençol freático e a água dos lagos ornamentais da entrada da cidade. Na sessão camarária de 16/06/2014 Estati apresentou o requerimento nº 947/2014 a respeito, mas recebeu resposta evasiva do Prefeito Poio Novaes informando que “vamos encaminhar seu requerimento à CETESB para que responda”. Algum tempo depois, diante da afirmação da Companhia Técnica Ambiental do Estado de São Paulo de que seus laboratórios operam em especial, para atender as demandas de controle e poluição advindas daquela instituição, não podendo a CETESB se comprometer em realizar serviços para terceiros, o vereador do Democratas elaborou novo requerimento (nº1294 de 01/09/2014), também assinado por alguns de seus pares (Bruna, Denílson, David, Tucão) solicitando ao Senhor Prefeito Municipal “para ver a possibilidade de estar contratando uma empresa especializada em coleta e análises químicas ambientais, visando avaliar o nível de contaminação por necrochorume do solo das imediações do Cemitério Municipal”. Para este, a resposta da Secretária Municipal do Meio Ambiente pelo seu titulo Julio Ruffin Pinhel foi ainda mais revoltante ao citar que “no presente momento, a matéria não é prioridade desta secretaria, pois o desenvolvimento de estudo e análise ambiental para identificação de possível contaminação é de custo elevado e não dispomos deste recurso. Somado a isso, a CETESB não acionou ou solicitou tal encaminhamento junto à Prefeitura”. (Huumm!! - interjeição minha)
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Desta forma aqui cabem duas perguntas: A - Então de quem é a responsabilidade? Da natureza?; B - E o Ministério Público (Curadoria do Meio Ambiente), não pode intervir? Não age de ofício?
Segundo biólogos, os poços artesianos abertos nas proximidades – se, em atividade – podem, eventualmente, ostentar um nível de contaminação condenável pelos órgãos ambientais, frisando que naquelas imediações encontram-se instaladas renomadas empresas com imensa movimentação de pessoas. E sendo assim, inadvertidamente, podem ser prejudicadas, como o Supermercado Pão de Açúcar, Lajão Construções, Empresa Manoel Rodrigues, Maré Shopping, Restaurante Avenida, Posto Avenida e Centro Avareense, entre outros estabelecimentos dentro do perímetro possivelmente com problema. Sem mecanismo de proteção ao lençol freático, os cemitérios em nossa região ameaçam a água do subsolo com produtos tóxicos e vírus de doenças contagiosas provenientes dos cadáveres, segundo o hidrogeólogo Leziro Marques da Silva. Principal pesquisador do assunto no País, Silva esclarece que em geral, cada corpo produz diariamente 200 mililitros de necrochorume, por pelo menos seis meses. Trata-se de um escoamento viscoso, acinzentado, e que, com a chuva, pode atingir o lençol de água subterrânea de pequena profundidade e outras regiões próximas aos cemitérios. O necrochorume é composto por substâncias altamente tóxicas, como a cadaverina e a putrescina, sendo que os micro-organismos liberados na decomposição dos corpos podem transmitir doenças por meio do contato com água contaminada ou ingestão dela. Entre as enfermidades estão hepatite A, tuberculose e escarlatina.
E você pensa que o problema é novo? Ele vem de longa data; tanto quanto o da superlotação. O Jornal “Diário da Terra” trouxe a denúncia à tona em Junho de 1996 através de matéria exclusiva (à nível de todo o interior paulista) realizada com o hidrólogo Leziro Marques da Silva, também inserida de forma resumida no Jornal “Gazeta do Povo”, edição de 29/06/1996 que aqui reproduzimos. Na época o governo era o de Miguel Paulucci, que juntamente com seus sucessores (Joselyr, Wagner, novamente Joselyr, Barchetti e atualmente Poio) também não praticaram uma ação efetiva nesses 19 anos visando resolver tão caóticos problemas: vagas esgotadas e contaminação do solo/água.
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Assim posto, vamos ao nosso “Déjà Vu Tupiniquim” com o título “Corpos enterrados no Cemitério podem contaminar a água”. Começa assim:
Segundo o geólogo Leziro Marques da Silva, da CETESB, o cemitério de Avaré pode ser o responsável pela contaminação da água nas imediações.
Num trabalho muito bem elaborado e que lhe serviu de tese para doutoramento, Leziro prova que, “indiscutivelmente, os cemitérios causam danos ambientais consideráveis, em especial físicos, dentre os quais o mais importante está no risco de contaminação das águas subterrâneas por micro organismos que proliferam durante o processo de decomposição dos cadáveres. A maior preocupação é com as águas subterrâneas superficiais (lençol freático), mais expostas à contaminação biológica”, no caso específico os poços semi artesianos do Posto Avenida e do Centro Avareense.
De acordo ainda com Leziro, “é fácil à compreensão de que os cemitérios se constituem em um risco potencial para o lençol freático, visto que um cadáver, ao ser sepultado, está sujeito a fenômenos putrefativos de ordem físico-química, onde atuam vários micro-organismos. No caso de morte por moléstia contagiosa ou epidemia, estão presentes os fungos, as algas, as bactérias e os vírus. No processo da putrefação do cadáver, há toda uma proliferação de micro-organismos que durante os períodos chuvosos, podem percolar e contaminar o lençol freático”.
As doenças que podem advir da água contaminada são o tétano, gangrena gasosa, tuberculose, febre tifoide, hepatite A, entre outras.
O Vereador Luiz Carlos “Cemitério” de Oliveira fez requerimento sugerindo a convocação do geólogo Leziro para maiores esclarecimentos, já que a gravidade da denúncia assim exige esse procedimento.