Déjà Vu (Já Visto) ed. 05/09/2015
por: Carlos “Cam” Dantas
e-mail: colunistacarloscam@gmail.com
Cães de raças agressivas às soltas no Costa Azul
Para os donos, esses cachorros (pit bull, rottweiler, mastim napolitano, entre outros) são dóceis, amigos... mas, quando morder uma pessoa, a frase de efeito, de espanto, já estará pronta: “Estou pasmo! Ele nunca avançou em ninguém. Não sei como isso foi acontecer. Blá-blá-blá...” E haja desculpas! E não é só esse o receio; também cachorros abandonados perambulam pelo Costa Azul o dia todo e em número preocupante. Uns somente buscam comida revirando latões de lixo (novo/velho problema para a Administração Pública), outros já querem morder; correm atrás de ciclistas e motoqueiros, ainda rosnam para aquelas pessoas que caminham tranquilamente pelas ruas.
Outra questão: Na segunda-feira (31/08) uma ouvinte do Jornal da Interativa ligou para o apresentador Ângelo Zanotto denunciando que cachorros considerados agressivos acompanham os donos nas caminhadas pelas trilhas do horto, livremente e sem focinheira, colocando em risco a integridade física dos demais praticantes do footing, também de idosos e crianças com o animalzinho de estimação na coleira.
No domingo (30/08) o Programa Fantástico da Rede Globo de Televisão (quadro “O Que Você Faria?”) trouxe a matéria“Aprenda a se defender de um ataque de cachorros raivosos”. Para Ilustrar foi descrito um caso verídico onde “A Solange e o cachorrinho dela, o Lula, estavam passeando tranquilamente, quando se viram numa enrascada. Foram atacados por cinco cachorros. “Enquanto ele me atacava, eu tentava proteger meu cão, levantei ele pro alto pra eles não alcançarem e comecei a gritar por socorro, ” contou Solange Vinhas, dona do Lula. Apesar dos ferimentos, ficou tudo bem com a Solange e com o Lula. Mas e se fosse com você? E se você se visse cercado por cães raivosos e prontos para atacar? O que você faria?
O Brasil nunca teve tantos cachorros nas ruas e dentro de casa. Agora, imagine você passeando num dia de sol e, de repente, dois pastores alemães enormes fogem da coleira em sua direção. Você vai ser atacado.
O que você faria? A) Tentaria assustar os cães; B) Subiria no carro mais próximo; C) Fingiria-se de morto.
Por incrível que pareça, a alternativa correta é a opção C: se fingir de morto.
Se não houver como escapar do ataque, o melhor a fazer é se jogar no chão e ficar paradinho. Primeiro, use os braços para afastar os cães do alvo principal, sua garganta. Depois, se coloque em posição fetal, com os joelhos próximos ao peitoral. Assim você protege os órgãos vitais. Fique parado, evite olhar nos olhos do cão e espere ele perder o interesse em você, ensina a reportagem.
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Mas a pergunta iminente é a seguinte: E se o quadro do Fantástico ocorresse por aqui, no Costa Azul/Cambarás? Ou na isolada trilha do Horto Florestal? Deste modo os cachorros soltos estariam colocando em risco de morte, não só aqueles que se exercitam, mas os transeuntes de modo geral. Mesmo porque no caso em questão está-se infringindo a Lei Municipal de autoria do Dr. José Carlos de Arruda Campos quanto à obrigatoriedade do uso de focinheira, bem como a Lei Estadual nº 11.531/03 regulamentada por meio do Decreto nº 48.533/04 que estabelece regras para a condução de cães de grande porte de raças consideradas agressivas em vias públicas e nos locais de acesso da população. Como o mais prático ainda é o “melhor prevenir que remediar”, então... Depois não adianta vir com desculpas esfarrapadas. Com a palavra “aquelas” autoridades do setor competente.
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Para aqui deixar caracterizado o DÉJÀ VU TUPINIQUIM, essência maior da coluna, transcrevemos em seguida a matéria da edição do Jornal Diário da Terra de 18/10/2003 cujo título foi: “Cães Ferozes Circulam Livremente pelas Ruas da Cidade”.Começa assim:
A Câmara Municipal de Avaré aprovou por unanimidade na sessão ordinária do último dia 6, requerimento de autoria em conjunto dos vereadores Rogelio Barchetti, Clivatti, Roberto Araújo, Oscar Gregório, Tucão, Dr. José Carlos, Robson Gonçalves, Dra. Rosangela Paulucci e Rico Barreto, que cobra do Executivo uma maior fiscalização da lei municipal que obriga os proprietários de cães perigosos à passear com os mesmos pelas ruas da cidade somente com focinheiras.
Segundo uma das reclamantes, a senhora Rosângela Quartucci, residente na rua Santa Catarina, “é comum quando de nossas caminhadas rotineiras como forma de exercício, depararmos com cães ferozes como Pit-Bull, Rottwiller e Mastim Napolitano, entre outros, sem as focinheiras e, quase sempre, soltos, colocando em perigo a vida dos moradores das imediações e transeuntes”.
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As reclamações são muitas, pois esses animais são tidos como excessivamente agressivos, tanto que até foi aprovado um projeto de lei pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo no ano passado que proíbe a comercialização, a reprodução e a importação em todo o Estado de São Paulo de cães dessas raças por sua comprovada ferocidade.
Muitas vezes, de tão histéricos que ficam, constituem numa clara ameaça até para aqueles que com eles convivem, imaginem então para uma pessoa estranha; uma criança ou um idoso inocentemente transitando pela calçada e sendo atacado por um desses cachorros!
CRIADOR SE DEFENDE
Airton Alves, o popular “Airton Paletó” treinador e criador de cães de raça pit bull, discorda das críticas e afirma que esses cães não oferecem perigo aos transeuntes, pois faz costumeiramente seu “cooper” no período da tarde na avenida Major Rangel e tem o cão como acompanhante.
Justificando seu ponto de vista, afirma que “embora a raça determine traços de seu comportamento, cada cão – assim como os humanos– têm a sua individualidade, que é o resultado das interações entre o seu potencial genético e o meio em que ele vive. Assim, dependendo de sua história de vida, é perfeitamente possível encontrar um pit-bull gentil e brincalhão, da mesma forma que é possível encontrar um beagle (uma raça tida como bastante afável) tão estressado, que se torna agressivo e feroz, filosofa Airton.
“Pero sin, pero non” é bom não facilitar, alerta o vereador Júlio César Theodoro, o Tucão, um dos autores do requerimento em questão.