Déjà Vu (Já Visto) ed. 27/06/2015
por: Carlos “Cam” Dantas
e-mail: colunistacarloscam@gmail.com
“Treze anos depois envolvidos na CEI das compras são condenados”
Na edição do último sábado o Jornal “A VOZ DO VALE” trouxe em sua primeira página esta matéria bombástica. O texto informa que a Justiça de Avaré condenou os envolvidos na chamada CEI das compras a ressarcir os cofres públicos, fato originado durante o governo Wagner Bruno (2001-2005). A relatora na Comissão naquela oportunidade foi a vereadora Rosangela Paulucci tendo Giba Soares como membro e Luiz Otavio Clivatti presidindo. O prejuízo apurado pela CEI – Comissão Especial de Investigação foi na ordem de R$ 855 mil, sendo que o ex-prefeito Wagner Bruno e a ex-secretária Municipal de Saúde Sonia Calamita foram condenados a ressarcir o município com a metade deste valor e os empresários Mauro César Cruz e Kelly Monti Celly Shahinian da Cruz, da cidade de Bauru, por emissão de “nota fria”, penalizados com a devolução total do valor do prejuízo causado, além de suspensão dos direitos políticos por cinco anos, pagamento de multa e proibição de contratar com o Poder Público. Como é de conhecimento público que o relatório final desta Comissão de Investigação apurou, além das irregularidades na aquisição de medicamentos, também de atos ilícitos cometidos (e comprovados) pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços que tinha o Engenheiro José Mário Rosário à sua frente com anuência (e possível conivência) dos Departamentos de Licitação comandado por Joaquim Vicentini e de compras, por Cláudio Athanázio, entre outros, é de se estranhar que no relato da sentença produzida tenham se esquecido dessas pessoas diretamente envolvidas com os atos ilegais denunciados.
PROVÁVEL DÉJÀ VU
Na coluna de 11/10/2014, com o título “Prefeito Poio Novaes os maus companheiros” já o alertávamos que, se não “chutar o balde”, corrigir rotas traçadas e se livrar de vez de determinados auxiliares equivocadamente nomeados, “qualquer semelhança com Barchetti ou Wagner Bruno, como nos aponta o DÉJÀ VU já não terá sido mera coincidência”. Ninguém está aqui contestando a retidão de caráter, honradez, honestidade no trato da “coisa” pública do Prefeito, mas sim sua teimosia, como homem político, em manter no cargo alguns péssimos profissionais “escolhidos”. Tal qual Wagner Bruno, na época, também alertado, que mesmo sem nenhuma “culpa no cartório” (tanto que fez questão de afirmar que partiu dele a solicitação ao Legislativo para investigar as maracutaias das compras superfaturadas) ainda assim foi levado para o ralo do ostracismo político e social, e agora condenado pela justiça, em face da inépcia, arrogância, incompetência... porque não dizer, desonestidade de alguns auxiliares diretos, também o Prefeito Poio Novaes já pode estar vivendo sua particular aflição por conta do pessoal “baba ovo” que lhe rodeia.
Assim posto, vamos ao nosso “Déjà Vu Tupiniquim” com suas reminiscências dentro da opinião publicada pelo Diário da Terra de 11/10/2003. Começa assim: “Diz um velho adágio popular que “passarinho que acompanha morcego, dorme de cabeça pra baixo”. E isso serve para definir, como nunca, a situação hoje vivida pelo Prefeito Avareense.
Essa história de junção política de correntes diferentes em geral não dá certo, a não ser que haja um objetivo comum muito claro e com efeito moralizador suficiente para que as diferenças fiquem em segundo plano.
Foi assim com a “Frente Popular, Honesta e Transparente” que elegeu o Prefeito Wagner Bruno – PSB, onde se juntaram todos os que se sentiram no dever de derrubar, pela via institucional, o governo anterior de Joselyr Silvestre – PL. Agora eleito, mas ainda faltando um ano para chegar ao fim formalmente, as divergências afloram em sua administração; cada grupo toma seu rumo e a oposição fragmenta-se em vários movimentos políticos.
As divergências surgiram com as saídas do Consultor Jurídico do Município, advogado Luiz Carlos Dalcim – PSDB (que discordava dos atos do executivo), e, em seguida, do Chefe de Gabinete do Prefeito Wagner, Sr. João Batista Leme – PPS. Prosseguiu com o posterior afastamento do Secretário de Comunicação, Sr. Cláudio Guerra – PMDB, pivô (mesmo que involuntário) de toda essa crise administrativa, culminado com uma série de CEIs e CPIs, as quais desgastaram (e ainda desgastam), por demais a imagem do Governo perante a população. O relatório final da CEI - Comissão Especial de Investigação que apurou inúmeras irregularidades na compra de medicamentos e também de ilícitos cometidos pela Secretaria de Obras e Serviços, que tinha o Engenheiro José Mário Rosário (indicação conjunta do PSDB-PT) à sua frente, ainda envolvendo diretamente o Setor de Licitação, comandado pelo Sr. Joaquim Vicentini – PT, o de Compras, Cláudio Athanázio – PSB e a Secretaria da Saúde, dirigida pela Sra. Sônia Calamita – PSDB. Nesta amostragem; um prejuízo de R$ 855.000,00 para os cofres do município; estranhamente só foi afastado dos quadros funcionais da municipalidade a Sra. Sônia Calamita. Os demais foram “remanejados” de função, exceção de Joaquim Vicentini que permanece no Setor de Licitação, mas enfim, eles continuam de qualquer forma com poder de mando.
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E assim podemos constatar que todos esses problemas que verdadeiramente atingiram o Paço Municipal não foram criados pela oposição, mas pelos aliados do Governo, levando de roldão o Chefe do Executivo, até então sem culpa no cartório. E tudo isso ainda não falando nas ações intempestivas, autoritárias, fora de contexto, muitas delas tomadas por alguns despreparados assessores e secretários conforme o humor do dia predominante, não pela razoabilidade e justiça do pedido, gerando as “cacas” que aí estão e os ressentimentos para com o alcaide, que nem sempre é colocado a par do ocorrido.
Sabemos todos nós, que já passamos da puberdade, que na vida tudo tem limite. Até mesmo a solidariedade quando esta ultrapassa as fronteiras da legalidade, da racionalidade, da lógica e da civilidade. Quando isso acontece, o tão nobre gesto acaba sendo maléfico para quem o faz. Vem daí o “inferno astral” por qual passa o Prefeito Wagner Bruno. Por um nobre ato de amizade, cumprindo aquilo combinado quando da formação da Frente Popular para vencer as eleições, mantém dentro do quadro de servidores municipais colaboradores nomeados sem as mínimas condições de exercerem função pública, como também manteve aquelas pessoas envolvidas e citadas nas “maracutaias” denunciadas, particularmente os ocupantes dos cargos de chefia. E, dessa forma, tem lá sua dose de culpa.
Agora informam algumas fontes dignas de crédito que vem por aí uma ampla reformulação no primeiro e segundo escalão da atual administração.
Será bem-vinda porque ainda é melhor o “antes tarde, do que nunca”. Ademais, como bem frisou o vereador José Carlos de Arruda Campos, encerrando seu pronunciamento na última sessão camarária: “O Prefeito Wagner Bruno é bem intencionado, mas seus secretários estão enterrando o governo”.
E a nova “CPI” instaurada para apurar possíveis irregularidades nas obras executadas com o dinheiro do FUNDEF que o diga. Refletir é preciso! Destaca o colunista.