Há exatos 100 anos, em 28 de julho de 1914, começou a 1ª Guerra Mundial. Por quatro anos, as potência da Europa -- e dos demais continentes -- se enfrentaram usando armas com poder destrutivo nunca visto antes – fruto dos altos investimentos na indústria bélica no pré-guerra. As dificuldades causadas durante o conflito também resultaram em grandes inventos, sem os quais não podemos imaginar a vida hoje: zíper, absorvente, lenços de papel e raio-x, por exemplo.
A Primeira Guerra Mundial também causou importantes mudanças geopolíticas e econômicas nos países europeus, suas colônias e aliados – estabelecendo uma nova ordem mundial que diz muito sobre a atualidade.
Confira as invenções e consequências da Primeira Guerra Mundial, que mudaram para sempre a vida dentro e fora dos campos de batalha:
Absorvente
Quando entraram na guerra, em 1917, as tropas americanas levaram para o fronte o cellucotton, material com alta capacidade de absorção do sangue, usado em curativos. As enfermeiras logo perceberam que o material servia para conter o fluxo menstrual e, por absorver mais sangue com camadas mais finas, era bem mais confortável que algodão ou pano.
Ao saber do uso dado pelas enfermeiras ao cellucotton, a fabricante americana das bandagens passou a comercializá-las como absorventes. Com o mesmo material, na década de 1920, foi lançado o lenço de papel.
Zíper
O zíper não foi inventado durante a guerra, mas se popularizou por causa dela. Criado em meados do século 19 pelo americano Whitcomb Judson, foi aperfeiçoado em 1913 pelo engenheiro sueco Gideon Sundback.
As tropas dos Estados Unidos usaram zíperes em suas roupas e equipamentos durante a 1ª Guerra e, nos anos 20, esse tipo de fecho passou a ser aplicado em todos os tipos de roupas, calçados e bolsas.
Raio-x portátil
Com a descoberta da radioatividade no fim do século 19, a radiografia ainda era uma tecnologia recente quando a 1ª Guerra começou. Os aparelhos eram muito grandes e não podiam ser levados até os hospitais de campanha. A cientista polonesa radicada na França Marie Curie, pioneira nos estudos sobre radioatividade, desenvolveu para o exército francês aparelhos menores, que permitiram a realização de exames nos soldados feridos. O avanço foi de grande utilidade para a medicina civil.
Relógio de pulso
A Primeira Guerra contribuiu para a popularização do uso dos relógios de pulso, até então considerados demasiado afeminados pelos homens.
Saber a hora era fundamental para sincronizar as operações de guerra, porém os relógios de bolso não eram muito práticos para os campos de batalha.
Além disso, o aparelho atado ao pulso permitia dirigir tanques e pilotar aviões sem perder a hora – o que o tornou equipamento militar obrigatório.
Quimioterapia
A quimioterapia teve origem nas armas químicas da 1ª Guerra. Com a guerra de trincheiras, tornou-se comum o uso de gases tóxicos para atingir maior número de inimigos. Um deles era o gás mostarda, desenvolvido pelos alemães. Décadas mais tarde, médicos viram que a substância daquele gás poderia ser usada contra o câncer, pois desacelerava a produção de sangue. A descoberta serviria como base para o desenvolvimento da quimioterapia.
Rádio sem fio
Apesar dos sistemas de comunicação usados durante a guerra parecerem primitivos comparados com os de hoje, foi durante o conflito que houve grandes avanços na área. Na época surgiu o rádio sem fio, que permitiu a comunicação rápida entre diferentes grupos no campo de batalha – até então eram usados mensageiros ou pombos-correio. O sistema também foi usado por piltos da Royal Air Force para comunicar os movimentos das tropas que observavam do alto.
Aviação
Na 1ª Guerra, os soldados começaram a temer o perigo que vinha do céu. Nos quatro anos de conflito, foram desenvolvidos aviões mais velozes e resistentes. Inicialmente usados apenas para observação, eles foram equipados com bombas e metralhadoras e passaram a ser usados em combates. As melhorias criadas no período foram determinantes na evolução da aviação civil nos anos seguintes. Os voos comerciais só se tornariam comuns após a 2ª Guerra Mundial.
Armas químicas
A 1ª Guerra marcou o início do uso de armas químicas. Mesmo sendo responsáveis por apenas 1% das mortes no conflito, elas aterrorizavam os combatentes. Gases tóxicos foram utilizados a primeira vez pelos alemães, em abril de 1915, na batalha de Ypes (Bélgica). Tomados pelo pânico, cegos ou asfixiados, milhares morreram sob um sofrimento cruel. Para se defenderam, os soldados usavam óculos e máscaras de proteção, ou improvisavam, cobrindo o rosto com panos molhados.
Tanques e metralhadoras
Foi na 1ª Guerra que se usou pela primeira vez armamentos que até hoje formam parte dos arsenais dos exércitos. O tanque de guerra foi testado pelos britânicos em 1914 e utilizado em combate pela primeira vez na Batalha de Somme, em 1916. Mas foram os franceses que aperfeiçoaram o veículo blindado, essencial para a vitória na guerra. As metralhadoras também aumentaram o poder de fogo no fronte. Os austalianos usaram as Lewis, que pesavam 12 kg e podiam disparar até 500 balas por minuto – o equivalente a 50 atiradores com rifles.
EUA, uma nova potência
Com participação importante na 1ª Guerra, principalmente na campanha que levou à vitória final, em 1918, os Estados Unidos se estabeleceram como uma potência militar – que é até hoje.
No pós-guerra, lucraram ajudando na reconstrução dos países afetados. Ao longo da década de 1920, a economia americana se aqueceu com a produção destinada aos países europeus.
Porém, quando a rescontrução acabou, já não havia mais demanda para a produção dos Estados Unidos, o que resultou no crack da bolsa em 1929.
Revolução Russa
A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial afetou a economia do país e resultou em muitas mortes. A insatisfação dos russos com essas consequências deu origem à Revolução Russa, em 1917.
Houve uma guerra civil no país que causou ainda mais destruição e perdas de vidas ao país. Porém, os bolcheviques venceram o conflito interno, levando assim à criação da União Soviética, o primeiro país socialista da história.