Uma câmera térmica foi usada por equipes da polícia e do Corpo de Bombeiros durante a operação para tentar resgatar as meninas de 5 e 6 anos que foram mortas pelo pai em Taquarituba.
O homem de 28 anos foi preso no início da noite de terça-feira (24), horas após anunciar que estava mantendo as filhas Natáli Heloá e Natanaeli Vitória reféns dentro de casa.
Com um botijão de gás nas mãos, Natanael de Lima ameaçava explodir o imóvel com um isqueiro caso alguém se aproximasse. A ocorrência mobilizou a Polícia Militar, Polícia Civil, Samu, Corpo de Bombeiros e o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) durante horas.
Para evitar uma explosão e tentar resgatar as crianças com vida, o sargento Alexandre Magno Monteiro, do Corpo de Bombeiros de Itaí, afirmou que foi necessário utilizar equipamentos tecnológicos vindos de Avaré, como uma câmera térmica e um detector de gás.
De acordo com o sargento, a câmera térmica consegue capturar radiação infravermelha e convertê-la em imagens, que mostram o calor gerado por objetos e seres vivos. O equipamento é bastante utilizado pelos bombeiros em missões de resgate, identificando possíveis vítimas escondidas.
Apesar disso, no dia do crime em Taquarituba, o sargento explicou que a câmera térmica da corporação só identificava uma silhueta com calor, a do pai das crianças, e o restante do ambiente estava escuro nas imagens.
"Essa câmera de detecção de calor consegue fazer uma leitura através da parede, mas só indicava o calor dele na casa. Essa foi uma das ações que o GATE pediu para nós quando assumiu a ocorrência", explica Monteiro.
"A gente liga essa câmera, ajusta para o local onde vai utilizar e ela indica fontes de calor. A gente repara, por exemplo, que a fiação aparece mais vermelha, o metal aparece mais azul... E as meninas, mesmo se estivessem paradas, amarradas, a câmera mostraria o calor", continua o sargento.
Segundo Monteiro, como o equipamento não mostrava a movimentação das crianças, as equipes começaram a suspeitar de que elas estivessem mortas. Além disso, em nenhum momento da operação, Natanael apresentou provas de que as meninas estavam vivas.
Mesmo assim, para invadir o local, o sargento explicou que era necessário esperar que a concentração de gás na casa diminuísse, a fim de evitar uma explosão. Para isso, os bombeiros também utilizaram um detector de gás.
"O detector de gás é um aparelho com uma mangueira que a gente aproxima do local. Da última vez que eu medi, estava com 21% de gás metano, que é o gás de cozinha, do lado de fora. Já estava se dissipando", lembra o sargento.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, no momento em que a equipe chegou no local, o cheiro de gás estava muito forte e havia um risco real de explosão. Segundo o sargento, uma das preocupações da corporação, inclusive, era de que as meninas morressem asfixiadas pelo gás dentro da casa.
Apesar disso, a Polícia Civil de Taquarituba acredita que as crianças já haviam sido mortas antes de Natanael anunciar que estava mantendo as filhas reféns. Conforme a delegada Camila Rosa Alves, a polícia acredita que o homem fez "um teatro" durante todo o tempo da operação.
Quando as equipes entraram na casa, as duas meninas foram encontradas mortas dentro de um quarto, com cortes profundos no pescoço.
Para o sargento Monteiro, que tentou negociar a libertação das reféns com Natanael por cerca de duas horas e trabalha há 23 anos no Corpo de Bombeiros, o crime em Taquarituba foi a "cena mais triste" que ele já viu.
"Eu só queria entrar lá e socorrer essas meninas. Depois que o GATE invadiu, eu entrei com o Samu e infelizmente eu vi aquela cena. Eu sou um cara muito perfeccionista na questão de salvamento, e aquilo me abalou muito. [...] Nós deixamos uma linha pressurizada de água para caso houvesse explosão, uma equipe de médicos preparada para socorrer as meninas, mas quando a gente entrou no quarto, eles já constataram o óbito", lembra.
Fonte: Jornal O Victoriano.