O bebê Samuel de Oliveira, atualmente com 2 meses de idade, foi abandonado pela mãe e pai por nascer sem o palato, estrutura conhecida como céu da boca. Os pais alegaram falta de condições econômicas para cuidar da criança, já que ela necessita de cuidados especiais. Samuel viveria em um abrigo para órfãos caso sua tia materna Lais Aparecida da Silva não o adotasse. Lais tem 21 anos, é dona de casa e mãe de outras três crianças. Ela ressalta que foi inevitável escolher criar o sobrinho como filho. “Foi por amor, muito amor ao meu pequeno. Quando soube que ela (a irmã) abandonaria o bebê não deixei acontecer, é como se fosse meu. Ele mudou minha vida, com ele aprendi a ter mais responsabilidades e amadureci”, diz.
A deficiência de Samuel foi descoberta logo após o parto, os exames pré-natal não haviam apontado problemas de saúde. Assim que nasceu já foi entubado, e aos cinco dias de vida foi encaminhado ao hospital da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu (SP) para fazer tratamento. Além da falta do palato, o bebê tinha um fraco batimento cardíaco e com 12 dias sofreu e sobreviveu a uma parada cardíaca.
A criança vive hoje com uma traqueostomia (tubo ligado ao pescoço) que permite a ela respirar, já que sem o céu da boca o nariz não consegue levar o oxigênio aos pulmões. Além disso, se alimenta através de sonda direto na garganta. Samuel ficou um mês e meio em tratamento em Botucatu e só passou a morar com Lais há três semanas. “Tive que aprender alguns procedimentos para limpar a ‘traqueo’ com um aspirador próprio além de dar o leite para ele pela sonda. É difícil, porque até dormir não posso direito, já que toda hora acorda para ver como ele está”, conta.
Desde o tratamento em Botucatu a criança está sob a guarda da tia, que afirma entender a decisão da irmã. “Compreendo ela, pois foi sincera em falar que não conseguiria cuidar dele até pela situação da casa onde vive com o marido. Quando chove a água cai dentro, tem umidade do banheiro a sala. O Samuel nem poderia viver lá, porque precisa de um ambiente mais seco. Minha relação com ela não mudou nada, a amo e nos damos muito bem”, reflete.
A esperança da família é que Samuel possa ser operado com 5 meses para a “implantação” do céu da boca. Seriam retirados pedaços de carne e gordura do corpo da criança para fechar o céu da boca. Segundo Lais, os médicos afirmaram que o procedimento será feito na Unesp em Bauru (SP) e além de ter cinco meses, seria necessário o bebê ter mais de 10 quilos. A cirurgia seria a “cura” para o bebê, já que com o enxerto haveria a separação do canal respiratório e digestivo.
“Tenho que cuidar esperando para a cirurgia. Graças a Deus recebi ajuda para que necessitei. Desde os órgãos públicos com a compra de leite e viagens à Botucatu até aos vizinhos e amigos, que chegaram a fazer uma vaquinha na internet para comprar um aspirador de traqueostomia que custa mais de R$ 300. Também não temos muitas condições financeiras, mas com um aperto ali e aqui vamos ser uma família muito feliz, vai receber todo carinho e afeto.”