A expectativa das famílias de baixa renda de que o emprego melhore nos próximos meses, possivelmente por conta de vagas temporárias, impediu um recuo mais intenso da confiança do consumidor em outubro, afirmou nesta segunda-feira, 26, a economista Viviane Seda, coordenadora da pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV). Mas, como a perspectiva pode não se concretizar, a melhora é considerada apenas "pontual".
Em outubro, a confiança do consumidor cedeu 0,8% na comparação com o mês anterior, ao menor nível desde o início do levantamento, em 2005. A percepção sobre a situação atual continuou a piorar, mas as expectativas ficaram estáveis. Isso ocorreu porque, segundo a FGV, a intenção de compra de bens duráveis subiu 1,3% na passagem do mês, enquanto a avaliação sobre o futuro da economia melhorou 0,7%.
"Isso é puxado pela classe de renda mais baixa", disse Viviane. Nessa faixa de renda, com ganhos mensais até R$ 2,1 mil, o indicador de emprego futuro subiu 11,1%, para 78,3 pontos. Na média de todos os consumidores, o índice recuou 3,7% em outubro ante setembro, com todas as outras três faixas de renda mostrando-se mais pessimistas.
"É uma expectativa de emprego futuro que pode não se concretizar frustrando essa intenção de compra. É possível também que eles achem que não tem mais como piorar", disse a economista. "Mas a confiança ainda não mostra reversão de tendência", afirmou.
Segundo Viviane, a questão do emprego tem sido justamente o principal fator a preocupar as famílias brasileiras. Hoje, 86,3% acreditam que a situação da economia é ruim (de 50,4% em igual mês do ano passado), o que inclui o mercado de trabalho. Ao todo 92% dizem que está difícil conseguir uma vaga. "A insatisfação continua muito forte, e o que está mais influenciando agora é o emprego", observou.
Em setembro, a taxa de desemprego ficou em 7,6%, a maior para o mês desde 2009, apontou na semana passada o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).