Os dados do Ministério da Saúde divulgados nesta semana apontam uma redução de 16% no número de mortes decorrentes da Aids, no entanto o aumento nos casos, especialmente entre os jovens preocupa. Em Itapetininga (SP), um psicólogo sempre está de plantão no caso do resultado ser positivo para a doença.
É por esta queda, que o sentimento dos profissionais da saúde é de que as pessoas, principalmente os jovens, já não têm mais medo da doença.
Isso se reflete em outra pesquisa também do Ministério da Saúde. Em nove anos o número de casos entre a população gay masculina entre 15 e 19 anos quase triplicou. Em 2009 eram 2,4 para cada 10 mil habitantes. Já dados dessse ano apontam um índice de 6,7 para cada 10mil.
Entre os de 20 e 24 anos mais que dobrou (Em 2009 eram 15,9 para cada 100 mil e em 2018, 33,1 para cada 100mil). A pesquisa ainda mostrou que só 56,6% dos jovens entre 15 e 24 anos usam camisinha.
Felipe Mastrendéa, de 31 anos, descobriu que contraiu HIV em 2012. Ele é professor de inglês e youtuber, e na internet fala sobre a rotina de quem tem a doença.
“A parte mais difícil é a morte dos sonhos, e cada pessoa que se infecta com HIV passa pela mesma coisa, posso falar por mim, pela minha experiência, parece tudo que você tinha planejado para sua vida de repente não tem mais nada e você fica sem chão, pensa “e agora?”, mas não é um bicho de sete cabeças, e você também não precisa sair falando para todo mundo que é soropositivo”, diz.
Ele conta que cumpre a risca as recomendações médicas. No caso dele, um único comprimido por dia é o suficiente pra controlar a doença.
Um outro homem, que não quis se identificar, descobriu o vírus há 9 anos. No começo, também seguiu o recomendado pelos médicos, mas depois abandonou o tratamento.
“Eu fiquei dois anos achando que era um super-herói. Falei “Ai, não quero mais tomar remédio”, dei uma surtada e não pensei nas consequências. Nisso a minha imunidade foi abaixando, até que peguei uma broncopneumonia. A hora que voltei do coma, que fiquei sabendo de tudo que aconteceu, eu voltei com vontade agora só de viver. Eu estou com outra cabeça, descobri que têm pessoas que eu nem imaginava na minha vida, que realmente me amam”, conta.
A médica infectologista Carolina Malavazzi Galvão conta que, nos dias atuais, o tratamento para a Aids é muito mais seguro que antigamente.
“Ela é grave mesmo com o tratamento, que é bem melhor que antigamente, temos pessoas vivendo uma expectativa de vida e qualidade maior, mas as drogas podem ter efeito colateral a longo prazo, o próprio vírus causa no organismo uma inflamação crônica”, diz.
Ainda de acordo com a médica, mesmo com a gravidade da doença, ela afirma que muitos adolescentes não tem medo de contrai-la.
“A população mais jovem não viu a década de 80, onde muitos pacientes faleciam. A Aids era uma sentença de morte quando não tinha tratamento, eles estão encarando AIDS como uma doença mais amena, como uma gripe por exemplo, uma coisa com menos repercussão”, diz
De acordo com o psicólogo Milton Valarelli, isso ocorre pois muitos adolescentes pensam que a doença não é tão grave.
“Eu vou curtir e não vou pensar muito no amanhã, o adolescente ele tem onipotência elevado ao cubo, não vai acontecer nada, posso fazer qualquer coisa que eu dou um jeito, total irresponsabilidade”, afirma.
Ele ainda afirma que, quando o resultado mostra que o jovem contraiu a doença, o pensamento muda.
“Dali pra frente a vida dele passa a ser diferente, ele perde a fantasia de que ele é imortal, todos nós temos essa fantasia de 'não vai acontecer nada comigo, ele morre e eu não', no final das contas ele perde isso, e ele tem que conviver com a impressão de que vai morrer um dia”, aponta.
A Aids atinge hoje, em todo o mundo, segundo a ONU, 37 milhões de pessoas. Só no Brasil de acordo com o Ministério da Saúde são pelo menos 880 mil. Por ano, no país, em média, são 40 mil novos casos.
A Aids também tem que ser descoberta cedo, para que o tratamento tenha maior eficácia. Por isso, os testes rápidos são tão importantes, e o resultado sai em 15 minutos.
Alguns são vendidos em farmácias, mas de acordo com a coordenadora de Vigilancia Epidemiológica de Itapetininga (SP), Tatiana Borsato, a recomendação médica é que façam o teste gratuito na rede publica.
"Qualquer cidadão que tenha tido uma situação de risco que consideramos prioritárias, como relações desprotegidas, compartilhamento de agulhas”, conta.
Fonte: G1.
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