O pessimismo com o rumo da economia brasileira voltou a tomar conta do mercado financeiro após uma semana de trégua. Analistas e economistas ouvidos pelo Banco Central no relatório Focus, divulgado ontem preveem que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 0,27%, abaixo da estimativa de 0,9% do Ministério da Fazenda e da projeção de 0,7% do próprio BC.
Na semana anterior, os cerca de 100 analistas pesquisados previam expansão levemente maior, de 0,28%. A resultado marcou a interrupção de 19 semanas seguidas de deterioração das expectativas.
Mais uma vez, segundo os analistas, o setor manufatureiro será o vilão do PIB. Pelo Focus, a produção industrial terá retração de 2,24% neste ano - a perspectiva anterior, também negativa, era de 2,16%.
Para 2015, os consultados no Focus aguardam um cenário mais ameno, com o PIB registrando avanço de 1%. A atividade fabril terá alta de 1,46%, avaliam os participantes da pesquisa. Na semana passada, apostava-se em uma expansão menor para o setor, de 1,3%.
Os índices de preço ao atacado, os chamados IGPs, mostraram recuo no Focus de hoje. No caso do IGP-M, maior referência para o reajuste de aluguéis, a baixa das projeções para 2014 foi de 3,17% para 3,09%. As estimativas para o IGP-DI deste ano passaram de 3,19% para 3%. As previsões para esses indicadores em 2015 se mantiveram, respectivamente, em 5,50% e 5,52%.
Com a proximidade do fim do ano e as incertezas em relação ao cenário político, os analistas pouco mexeram esta semana nas expectativas para inflação ao consumidor, câmbio e taxa básica de juros, a Selic. No caso do IPCA, as variações ficaram congeladas em 6,45% para o fim de 2014 e em 6,30% para o fim de 2015.
Apesar da perspectiva de inflação elevada, a Selic deve se manter em 11% ao ano.