A atendente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Avaré (SP) quesurpreendeu uma criança durante um trote diz que a técnica de "assustar" “sempre funciona”. Aline Aparecida Santos trabalha como auxiliar de regulação médica há três anos, e conta que já atendeu centenas de falsos chamados. Ela diz que "pregou uma peça” no menino depois que ele telefonou várias vezes para o Samu de um orelhão. Na última vez, a atendente disse a ele: "Estou te vendo. Vou chamar a polícia". (Clique para ouvir o áudio da ligação)
“Como o número fica registrado no sistema, eu já sabia que se tratava de um orelhão, possivelmente de Itaporanga (SP), cidade atendida pelo Samu de Avaré. Mas, como se trata de um local público, não adianta mandar alguma equipe atrás de alguém, porque até chegar lá a pessoa vai embora, então tive que fingir que estava vendo o menino. É muito comum receber trotes de orelhões vindo de crianças. Os adultos geralmente fazem de celulares”, diz Aline.
Confira a conversa registrada:
Atendente: Samu 192
Criança: Oi. É o Corpo de Bombeiros?
Atendente: É aqui do Samu. O que está acontecendo?
Criança: Uma mulher. Caiu e rachou a cabeça.
Atendente: Uhum... eu estou vendo você aí no orelhão onde você está.
Criança: O que?
Atendente: Estou te vendo aí no orelhão.
Criança: Como é?
Atendente: Eu ‘tô’ te vendo. Vou encaminhar aí a polícia, ‘tá’ bom?
Criança: Como é que você está vendo eu?
Atendente: Vou encaminhar a polícia até o orelhão onde você está
Criança: ‘Tá’, tchau.
O órgão do município já soma quase 4 mil trotes em 2015, o que gera média de 23 por dia. Segundo o coordenador da corporação, Claudio Nardinelli, os falsos chamados não podem ser encarados apenas como uma brincadeira, já que podem custar vidas. “Quando alguém passa um trote no Samu, o médico pode perder a oportunidade de atender um caso grave de acidente, infarto, dano cerebral", ressalta.