O comerciante Jéferson Ubaldo Bertochi, que chegou a pesar 280 kg e aguardava por uma cirurgia, morreu no último dia 17 de maio. A informação de morte dele, causada por uma infecção, só foi divulgada nesta terça-feira (3) por familiares. Morador de Pirajuí, o comerciante era conhecido como “Junião” e lutava há oito anos contra a obesidade mórbida.
Em entrevista, Elis Regina Mantovani, mulher de Jéferson, disse ele chegou a ser encaminhado para um spa em Piratininga (SP) para perder peso, mas não resistiu a uma infecção urinária. “O Jéferson ficou cerca de 20 dias internado e custeado pela prefeitura, mas logo em seguida ele pegou a infecção e voltou para casa. Depois disso, ele foi levado para o Hospital das Clínicas em Botucatu (SP) e sofreu uma parada cardíaca”, conta a dona de casa.
Para que a cirurgia bariátrica fosse feita com sucesso, Jéferson precisava perder pelo menos 50 kg para fazer o procedimento. Segundo os médicos, o ideal seria a perda de 10 a 15% do peso que tinha. “O médico disse que ele precisava emagrecer o máximo possível e que passaria por novos exames para avaliar mais uma vez os riscos da cirurgia, mas ele o quadro dele se agravou muito e ele não conseguiu chegar até lá”, lembra Elis.
Ainda muito abalada com a morte do marido, que foi sepultado em Pirajuí, Elis comenta que ainda tenta aceitar a morte dele, mas afirma que Jéferson lutou até o fim. “A família ainda quer entender o que aconteceu e tenta aceitar que ele não conseguiu chegar ao seu objetivo, que era ficar bom e magro. Mas ele lutou por muitos anos e é essa lembrança que vamos ter dele”, finaliza a dona de casa.
Em nota, o Hospital das Clínicas da Unesp de Botucatu confirmou nesta terça-feira (3) a morte de Jéferson no último dia 17. De acordo com procedimento do hospital, as causas da morte do paciente não são divulgadas à imprensa, mas o atestado de óbito, onde costa o motivo do falecimento, foi entregue para a família.
Dificuldade de internação
Durante todo o processo da perda de peso, a família de Jefferson alega que enfrentou dificuldades para conseguir um tratamento especializado, já que ele não conseguia emagrecer em casa. “Nós recebemos a orientação nutricional durante o tratamento dele, mas, são apenas algumas restrições e não um cardápio completo com o que ele pode ou não comer, e ele não conseguia seguir isso por muito tempo. Era preciso variar a alimentação e a gente não tinha condições de fazer isso por muito tempo”, conta Elis.
Jéferson seguia um tratamento há seis anos no HC, mas por conta da obesidade e outros problemas de saúde causados pelo excesso de peso, o comerciante viveu praticamente preso dentro de casa e não tinha condições de praticar exercícios físicos. “Há um tempo quando ele ainda conseguia fazer alguma coisa, fomos orientados que ele deveria ter acompanhamento de um profissional, mas não tínhamos e não temos condições de arcar com isso”, ressalta a mulher.
Elis afirma que a família fez de tudo para conseguir a internação em uma clínica especializada em emagrecimento. No entanto, o tratamento era caro e eles não tinham condições de pagar. “Se ele tivesse tido um acompanhamento mais constante e até diário, em uma clínica, seria mais fácil porque ele se desesperava com a situação e nós também não sabíamos mais o que fazer”, completa.