?Desbancarização? ganha adeptos e oferece vantagens


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Jornal O Avaré 23/05/2016 01:27:55

O brasileiro, ao contrário do que acontece no restante do mundo, atrela sua vida financeira ao banco. Mas, em todo o mundo, a chamada desbancarização já é rotina, sobretudo para o mercado de investimentos. Banco, em países desenvolvidos, é local de prestação de serviços bancários, como conta corrente, cheque, pagamentos, cartões. Mas investir é um negócio novo e cujo desprendimento da cultura da agência bancária começa a ganhar adeptos, sobretudo entre os mais jovens, em função de plataformas independentes por aqui.
 
 
Contudo, para quebrar o elo da cultura com a bancarização, o mercado brasileiro de corretores independentes ainda tem um longo caminho a percorrer. Para o especialista em investimentos, que já atuou em gestão de fundos na tesouraria do Banco Santander, Ulisses Nehmi, a desbancarização é o caminho sem volta que também será trilhado por aqui. Para isso, ele aposta nas plataformas informativas atraentes ao público e na informação sobre vantagens em rentabilidade, resultados, para investimentos em relação a uma agência bancária tradicional.
 
 
O engenheiro formado pelo ITA com especialização em administração pela FGV, onde é mestrando em economia, falou sobre a tendência de investimentos fora do ambiente dos bancos e das circunstâncias para negócios em meio à crise antes de palestra para empresários e executivos convidados pelo Escritório de Advocacia Freitas & Associados, em Bauru.       
 
 
 
Jornal da Cidade - O que questões o cidadão deve levar em conta nesse cenário para ver oportunidade de investimento no mercado?
 
Ulisses Nehmi - Temos três crises em paralelo, a política, a econômica e a moral. E as três estão de certa forma interligadas. E essas crises afetam os ambientes dos investimentos, cada qual a sua maneira. E quando a gente fala em investimento é preciso saber separar o curto e longo prazos. Separar o que é ruído ou quem será o presidente daqui a dois meses com o que você vai fazer com seu dinheiro lá na frente, se vai ficar aplicado por anos, se você vai usar para a aposentadoria, ou outro investimento.
 
 
 
JC - Mas o componente incerteza é exatamente o que mais prejudica o consumidor comum na hora de decidir. O que dizer a ele no meio dessa turbulência?
 
Nehmi - A incerteza tem relação direta com riscos. Então, é preciso ver o perfil do investidor e perguntar a ele se ele quer fazer apostas ou quer um fazer algo com seu dinheiro que tenha o menor risco possível. Isso responde quase tudo. Hoje você tem o País em situação difícil, além da política em sua base econômica, com inflação fora do eixo do controle, mas também tem juros altos. Então, isso significa que o retorno é bem interessante e com um risco relativamente baixo para esse cenário atual. Em quase nenhum outro lugar do mundo você encontra essa oportunidade de ganhar dinheiro como nesse momento. Agora, negócios mais ousados precisam ser estudados em função desse perfil, porque tentar arriscar mais tem o ingrediente de possibilidade de perda, como em todo negócio.
 
 
 
JC - Qual é a avaliação do empresariado brasileiro nesse ambiente em termos de negócios?
 
Nehmi - Nosso empresariado é herói. Deveria o governo fazer reverência à maioria, porque com todas essas dificuldades e quase tudo conspirando contra eles ainda mantém na atividade o espírito de empreendedor.
 
 
 
JC - A crise interessa mais a quem tem mais dinheiro e quer ganhar mais?
 
Nehmi - Pode ser, mas eu prefiro ver de outro jeito essa questão. Faz mais sentido pensar que na crise, via de regra, os empresários estão mais preocupados com as perdas e em cortar custos do que outra coisa. E então pensam em mais produtividade ou eficiência. Em ambiente de crise, os empresários estão mais preocupados com os custos. E quando tem mais gente preocupada com eficiência surgem oportunidades novas para quem tem soluções melhores. Outra questão é que na crise alguns setores mais consolidados podem ter queda de receita, mas outros acabam tendo oportunidade como alternativa que não existia antes. Agora, em se tratando de oportunidade, tem uma série de outras questões. Uma delas é de que o brasileiro olha o banco como local para investir dinheiro. E isso não é verdade mais no mundo inteiro.    
 
 
 
JC - Por que a desbancarização é realidade lá fora e no Brasil não?
 
Nehmi - No mundo inteiro as pessoas vão atrás do banco apenas para seus serviços direitos, conta corrente, cheque, cartão de crédito, pagamento de contas. Mas para investir você não precisa mais ir ao banco. E no Exterior isso é realidade. As pessoas buscam plataformas independentes para investir. E isso vale para todo o mercado. As pessoas já começaram a se perguntar se não podem ganhar mais dinheiro em agências de investimentos que não são de bancos. E será que o banco, com sua imensa carteira, tem condição de atender ao cliente como deveria especificamente para negócios como o investimento? As pessoas passam a buscar assessorias independentes para investir seu dinheiro.
 
 
 
JC - Mas isso é cultural. O banco é sinônimo de lugar seguro para deixar o dinheiro no Brasil. O que precisa para quebrar isso?
 
Nehmi - É que as pessoas estão culturalmente acostumadas. Mas quem começa a observar o mercado vai vendo as novas oportunidades. Primeiro que o mercado de investimentos não era tão desenvolvido como agora. Mas ele está bem estruturado. Algumas corretoras estão vendo o que aconteceu em países desenvolvidos há 20 anos e estão implementando aqui. Agora, o cenário anterior no Brasil era de inflação de 50%. Então, a plataforma de estabilidade econômica é algo recente e isso retardou o processo de desbancarização aqui. Mas isso vai mudando aos poucos e será natural, como foi lá fora. E no Brasil há uma concentração bancária enorme, o que não é saudável para o cliente.
 
 
 
JC - Mas esse é um processo longo. O brasileiro não gosta muito de números, por exemplo?
 
Nehmi - E o fato do brasileiro não gostar muito de números atrapalha bastante esse processo de mudar culturas. As pessoas não gostam de falar de dinheiro e nem de ver alternativas mais interessantes para investimento. Mas a relação com os gerentes de banco hoje é mais impessoal. E isso vai mudando o comportamento, sobretudo em plataformas de investimentos para os mais jovens. Agora, pra tudo, tem de verificar. Ver se o agente está credenciado no Banco Central. Olhar isso. Tem no sistema para checar. Mas o brasileiro é acomodado. Ele olha lá o prédio grandão do banco e entra, mas não usa seu tempo para avaliar negócios em corretores especializados. Temos uns 5 mil profissionais habilitados no Brasil nessa área. Nos EUA  têm quase 1 milhão deles atuando.
 
 
 
JC-  Qual a máxima em se investir fora do banco?
 
Nehmi - No banco, quanto mais ele te pagar mais ele deixa de ganhar. No mercado independente, quanto mais o corretor conseguir ganhar com você mais ele vai ganhar, na proporção. Então, inverte-se o eixo. O corretor e o investidor não estão em lados opostos. Os bancos estão muito acomodados e têm uma plataforma de metas para cumprir. Como o cliente já está lá dentro, ele apresenta aquele pacote que leva em conta patamar que é bom para ele, banco. No mercado independente eu, corretor, tenho de lhe demonstrar as alternativas que levam você e eu, corretor, a ganharmos mais juntos, eu como agente e você como investidor.
 
 
 
Fonte: JCNET


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