Justiça dá acesso livre a agentes em Botucatu

Prefeitura de Botucatu consegue alvará judicial que permite a entrada de fiscais da saúde nas residências para o trabalho de combate à dengue

O número elevado de casos de dengue na região preocupa cada vez mais as autoridades municipais. A população, contudo, também  tem um papel importante no combate à doença, mas nem sempre colabora com o poder público. Em Botucatu (100 quilômetros de Bauru) já foi registrado alto percentual de recusa às visitas para orientação e execução de bloqueio dos criadores. Segundo a Secretaria de Saúde, muitos moradores não têm autorizado a entrada de agentes em suas casas ou estabelecimentos comerciais.

Por este motivo, no final do mês passado, o município entrou na Justiça com pedido de alvará judicial. Três dias depois, o juiz Marcelo Andrade Moreira, da 1.ª Vara Civil de Botucatu, julgou procedente o pedido, que será válido até o final do ano. Assim, caso seja necessário, o agente de saúde poderá contar, inclusive, com apoio de força policial ou até mesmo de um chaveiro para viabilizar sua entrada no domicílio e realizar a visita.

“Estamos usando o alvará com muito critério. Quando tem a recusa, nós explicamos que temos autorização da Justiça para entrar na casa. Oferecemos a opção, também, de agendar uma nova visita. Só após isso, caso não haja a colaboração do munícipe, é que iremos utilizar outras medidas como o apoio da polícia, por exemplo”, explicou o diretor de Departamento e Planejamento em Serviços de Saúde, Rodrigo Iais da Silva.

Para Rodrigo, a medida favorecerá, em curto prazo, um trabalho mais eficaz no combate à dengue na cidade e, consequentemente, o controle e até a redução de casos. “Acreditamos que nas regiões com maior número de criadouros e em locais como ferro velho, por exemplo, será mais fácil fazer a vistoria agora.”

Botucatu registrou 38 pessoas infectadas somente neste ano. Deste total, 16 casos são importados - pessoas que se contaminaram em outras cidades - e 22 autóctones. A Secretaria de Saúde ainda aguarda exames laboratoriais de outros 74 casos suspeitos.

Acima da média

Em Avaliação de Densidade Larvária (ADL), realizada em janeiro deste ano na cidade, foi constatado índice de 5,5. Isso representa que a cada 100 imóveis pesquisados no município, há, em média, de cinco a seis com focos e larvas do mosquito transmissor da dengue. O preconizado como satisfatório pela Organização Mundial da Saúde é abaixo de 1.

Ainda sim, segundo Rodrigo, Botucatu ainda não chegou à situação de epidemia como Marília, que já contabiliza 6.774 casos confirmados da doença, segundo o último balanço da Secretaria de Saúde da cidade.
 
Pederneiras

Em Pederneiras (26 quilômetros de Bauru) nem sempre há cooperação da população durante as visitas de agentes de saúde às casas e estabelecimentos comerciais, conforme ressaltou a secretária de Saúde, Adriana Leandrin da Silva. No entanto, segundo ela, por enquanto não foi preciso tomar medidas mais sérias como em Botucatu. “Não chegamos ainda nesse patamar. De certa forma, o fato de algumas pessoas não deixarem os agentes entrar nas casas pode ‘maquiar’ o foco da doença. Mas a dengue está controlada”, garante.

Até terça-feira (10), o município havia contabilizado 60 casos positivos da doença e 35 negativos. Existe, ainda, a suspeita de outros 100 casos, que seguem em análise laboratorial.