Escolas já sofrem com inadimplência

Índice de devedores na rede privada já sobe no início do ano, período em que deveria cair; diante do cenário, sindicato aconselha a evitar investimentos

A crise econômica continua refletindo em vários setores. O aumento do número de inadimplentes para este ano nas escolas particulares de todos os níveis dos ensinos Infantil, Fundamental e Médio é o grande temor para o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp). O início do ano, data em que a inadimplência costuma cair, teve, em 2015, aumento de devedores.

O assunto foi bastante debatido ontem durante a reunião  com os mantenedores de colégios da região. Uma das medidas apontadas pelo sindicato é evitar investimentos nos estabelecimentos e se aproximar das famílias.

Segundo o Sieeesp, em janeiro deste ano, época em que o número de devedores comumente diminui, as escolas da região de Bauru apresentaram como índice de inadimplência 5,45%. O ano passado, o índice foi de 4,86%.  Apesar da inadimplência da região estar  abaixo da média estadual, que é de 6,06%, o número ainda é considerado alto pelo sindicato.

“Nos meses de janeiro e fevereiro, não há inadimplência porque os pais começam a pagar. Ela começa mais em abril, maio. Já estamos no início do ano com um índice acima de 5% e já nos preocupa como será durante ano”, disse o diretor regional do sindicato, Gerson Trevizani, o Duda.

Ano de crise

“Os nossos problemas estão começando e o ano será difícil”. Essa foi a fala de Duda no início da reunião de ontem. O cenário econômico gera temor para o sindicato e, para o diretor regional, a preocupação é como as escolas irão se comportar diante da crise.

“Em um cenário econômico ruim, a primeira coisa que a família deixa de pagar é a escola. Com a absurda lei do calote, a escola só pode tomar atitude na hora da rematrícula. Você é obrigado a ficar com o pai na inadimplência até 12 meses. Temos agora que analisar como iremos agir”, alerta Duda.

Segundo ele, é complicado tomar medidas drásticas nas escolas privadas  sem comprometer a qualidade de ensino. “Professor, por exemplo, não pode ser mandado embora. Se diminuir carga de horário, mexe com a qualidade de ensino. Então, é realmente diferente de outra empresa que manda funcionário embora em uma crise. A gente vai tomar atitudes, mas não radicais”.

E uma dessas medidas, segundo o presidente do Sieeesp, Benjamin Ribeiro da Silva, é evitar investimentos nas escolas e conversar com as famílias. “Orientamos as escolas da importância de conversar com a família, para mostrar o quanto é importante não ser inadimplente e como é bom manter o filho na rede privada. Outra medida é evitar de investir nos prédios, como reformas de salas e também em tecnologias, pelo menos até sabermos qual rumo a economia terá. Orientamos para que, nesse quesito de investimento, as escolas tenham paciência”, disse Benjamin da Silva.

Migração?

Há também temor de que alunos da rede particular migrem para a pública. O último senso realizado em 2013 apontou que, dos 265 mil alunos na região de Bauru, 52 mil estão na rede privada, o que corresponde à 20%.

“Quanto ao fato de migrar, há um temor. Mas não acredito que isso aconteça, pois, em 10 anos, a escola particular dobrou o número de alunos. Eu até acredito que as famílias podem ter dificuldades para pagar as mensalidades. Um caso ou outro pode ser que aconteça de os pais colocarem os filhos nas públicas, mas não de forma expressiva. Quem tem filho na particular, é difícil retorná-lo para a pública”, afirmou o presidente do Sieeesp, Benjamin Ribeiro da Silva.